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9 de março de 2023

Estórias 10 - tem dias

Se tem momentos de laser tem momentos de muito fazer. Hoje o meu avô fazia só 121 anos se não tivesse partido faz muitos anos lá atrás. Hoje tive que dizer muitas palavras, umas de conforto, outras de resposta a pergunta feita e alguns silêncios pela desfeita. Esse tempo assim de chuvisco parece é infértil, feito de lágrimas com bolor com uma discreto sabor a fel. 
Hoje até me apeteceu fazer um refresco na memória e apagar as cinzentas lembranças que necessitam grande esforço para serem lembradas. Eu não preciso lembrar nomes, eu sei-os. Eu me embebedei de nomes que vivi nestes anos longos que levo que até me chamam de idoso e acho não esqueci nem um. Será que os nomes que tenho na memória corresponderão aos corpos que fixei faz tanto tempo? Desacredito-me. Os corpos não são como as estátuas nem os corpos celestiais. Deformam-se com o engolir dos tempos, com o desperdiçar dos dias, com os romances sonhados e com a embriagues da felicidade.
Nem eu já vejo com os meus olhos como via com o meu coração, deixo rascunhos perdidos, sonhos desenhados em papel pardo e folhas vazias por não ter paciência de ir buscar memórias quase apagadas. Lembro-me de cada linha do meu índice, contradigo bulas de complicações e pinto-me de corres garridas para esconder desacertos de felicidade.
Tem dias de muito fazer e de muito socializar.





Sanzalando

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