Caminho com olhos na areia das mil cores. Não me apetece ver o dia porque não estou virado para esse lado. Me olhas de olhos espantados, quase a saírem da cara. Mas continuo cabisbaixo e silencioso. Não estou rouco nem afónico. Simplesmente é Agosto.
Penso-lhe no cacimbo, brisa gelada da noite. No início deste zulmarinho que aqui termina ninguém lhe se aproxima com medo de gelar o dedo grande do pé. Agosto.
Mês do desgosto, do desagrado, do desconforto. Um dia de Agosto. Não sei o que fazer, se penso no frio de lá, se destilo no calor de cá. Não sei o que me fazem, não sei o que fazer. Agosto. Desgosto do gosto do que poderia ser e não é. Poderia ser Janeiro. Agosto tem ogosto de açúcar aguado, insípido. Quando tu sabes que vais me perder, mais cedo ou mais tarde. Derrota prévia, antecipadamente avisada. O teu jeito de me olhar hoje me incomoda. Tua mania de liberdade presa às minhas palavras. O jeito que tu pensas num errado acertado. Do jeito que eu fui e que não gosto de o ter sido. E é certo fazer o que se pensa? E é certo não ter limite? E isso é certo Agosto? Desgosto de que se segue num movimento e a carência computada e configurada num momento. Pensar Agosto deve mesmo acontecer? Quem sabe se não seria melhor onze meses ser um ano.
E meu coração que bate descompassado, arritmia de dores e injúrias. E entra em compasso directo ao caos.
Agosto. Gente muita nuns lados, poucas noutro.
Se por acaso estivesse lá, descobria-lhe no denso cacimbo e beijar-lhe-ia com o ardor que há muito se acumula.
Mas, nessa impossibilidade, fico nesta vidinha mesmo a falar mal de Agosto.
Sanzalando
Penso-lhe no cacimbo, brisa gelada da noite. No início deste zulmarinho que aqui termina ninguém lhe se aproxima com medo de gelar o dedo grande do pé. Agosto.
Mês do desgosto, do desagrado, do desconforto. Um dia de Agosto. Não sei o que fazer, se penso no frio de lá, se destilo no calor de cá. Não sei o que me fazem, não sei o que fazer. Agosto. Desgosto do gosto do que poderia ser e não é. Poderia ser Janeiro. Agosto tem ogosto de açúcar aguado, insípido. Quando tu sabes que vais me perder, mais cedo ou mais tarde. Derrota prévia, antecipadamente avisada. O teu jeito de me olhar hoje me incomoda. Tua mania de liberdade presa às minhas palavras. O jeito que tu pensas num errado acertado. Do jeito que eu fui e que não gosto de o ter sido. E é certo fazer o que se pensa? E é certo não ter limite? E isso é certo Agosto? Desgosto de que se segue num movimento e a carência computada e configurada num momento. Pensar Agosto deve mesmo acontecer? Quem sabe se não seria melhor onze meses ser um ano.
E meu coração que bate descompassado, arritmia de dores e injúrias. E entra em compasso directo ao caos.
Agosto. Gente muita nuns lados, poucas noutro.
Se por acaso estivesse lá, descobria-lhe no denso cacimbo e beijar-lhe-ia com o ardor que há muito se acumula.
Mas, nessa impossibilidade, fico nesta vidinha mesmo a falar mal de Agosto.
Meu irmão
ResponderEliminarEstás cá mas... tens a tua alma lá !
Leva-te para junto dela!
Muito legal o texto, no mais, esses sapinhos estão iguais ao presidente do meu país...não fala, não vê, não escuta e não sabe de nada.
ResponderEliminarAzul Dragão:
ResponderEliminarTamos a fazer por isso. E levarei o espírito dragão para onde for.
Kafé:
Brigado. As ondas do zulmarinho me vão dando alento para continuar a ver, a falar e ouvir.