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21 de agosto de 2006

Aqui, espaço aberto

Me sento nesta poltrona de rocha, decorada por bicos e picos que a força do zulmarinho ainda não arredondou. É esta a minha sala de reuniões e de conferências. Os tons da decoração vão desde o azul celeste do céu que é o meu tecto até ao azul do zulmarinho que é o meu chão, passando pelo castanho molhado cor de rocha, onde me sento e olho para o outro lado da linha recta que é curva. Todas as outras paredes estão abertas para o mundo, criando um espaço enorme sem pilares nem colunas. Afinal aqui estou e tu. Eu que falo, oleando a goela com umas e outras birras estupidamente geladas de modo a que a voz não saia num desafino ensurdecedor e tu de ouvido atento, sorrindo ora com os olhos ora com o corpo todo. Aqui não existe penumbra, sombra ou sol. Existimos na grandeza da nossa existência, na dimensão dos nossos caminhos.
Aqui assistimos ao cair da gotas salgadas imitando lágrimas choradas pelo zulmarinho na sua calma se estendendo na areia das mil cores.
Aqui se espera o tempo que não existe numa iluminação sem sombras ou penumbras, sem ventos e sem chuvas.
Nesta sala, final do zulmarinho nos vamos passeando, melancólicos, esperançosos, sorridentes, chorosos. Tem cantos e recantos para todos os encantos. É o nosso palácio, a nossa cubata, o nosso espaço de ser vida. Falo e tu ouves. Ouves mesmo o meu silêncio assim como choras as minhas lágrimas. Aqui te iludes nas vontades e desilusões, aqui carregas a vida de ambição, de desejo de carinho.
Aqui neste final de zulmarinho olhamos atentos para o início dele com a vontade acrescida de lhe encontrar num estender de mãos. Aqui existimos na nossa existência real de quem quer viver a vida do desejo desejado em momentos de lucidez.
Daqui levamos a nossa vontade aos quatro cantos do mundo. Se ele é redondo vai ser tarefa difícil, mas também não escolhemos o caminho fácil para chegar onde chegamos no espaço que queremos estar, no horizonte da nossa verticalidade sonhada nos sonhos que te sonho acordado.
Aqui estamos.
Por enquanto!


Sanzalando

4 comentários:

  1. Sim...Aqui estamos, por enquanto!

    Abração

    Nelsinho

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  2. Viva Carlos:

    ...estou de greve.

    Um abraço,


    Novos artigos no EG.

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  3. Nelsinho: por enquanto aqui, mas te digo que não é por muito mais tempo. Abraços.
    JAMostardinha: acaba lá a greve. Sabes que Agosto é meu mês de bué trabalho, além que tem o zulmarinho de verdade a me chamar para dentro dele e depois tem assim um pacote de gente que me quer ter na mesa de refeição e depois nem sobra tempo para pensar direito quanto mais escrever. Mas eu não deixo de visitar os sítios de sempre.

    Kafé: que não ando sumido coisa nenhuma. Olha só bem na resposta de cima que também é para ti. Te visito no barulho do mneu silêncio-

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