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30 de agosto de 2006

Uma explicação

Hoje nem me apetece caminhar, nem estar sentado na poltrona esculpida na rocha nos dias de fúria do zulmarinho. Não, não estou zangado. Não, não me aborreci com a vida. Não, não enraivei-me assim num repente. É que estamos no mês que é de Agosto e ter de bulir no duplicado, ter os herdeiros me arrastando para as brincadeiras, ter os almojantas, ter os amigos, ter tempo de ainda fazer as minhas caminhadas ou os meus tempos de contemplação, falta tempo no que resta do dia. Cansaço sobra que até dava para vender em resmas, paletes ou montes.
Neste mês minha vida parece um filme a preto e branco dos anos 50, camaralentando todo um ano de amores, mimos, carinhos e palavras docemente proferidas.
Chegará Setembro e ficarei com saudades deste mês. È sempre assim como sempre tem sido.
Tu, que me acompanhas neste caminhar sabes que é assim por isso não estranhas, por isso tu me segues mesmo atrás do meu silêncio que nunca é duradoiro.
Tem amigos noutros caminhos que visito mas que nem deixo pegada porque o cansaço se arrasta até na ponta dos dedos para teclar as falas que eu gostaria de falar.
Chegará Setembro e tudo ficará em dia, todo o outro mundo volta na existência do meu dia a dia. Até ao ao dia em que me porei ao caminho de encontro com ela, a outra, a que está amarrada no meu coração e que eu não vejo a hora de lhe tocar e sentir como que a fazer parte dela.
Mas eu sei que esse dia vai chegar, Tarde ou cedo chegará.

Sanzalando

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