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5 de junho de 2007

Angústias

Vamos caminhar nos nossos passos seguros de equilíbrio instável. Eu falo e tu ouves, ou finges que ouves. Tanto faz, porque o que eu gosto mesmo é de falar.
Às vezes parece estar contaminado com a ideia do ser e perco um pouco a noção da realidade, de não crer na real existência.
Sabes, tenho que acreditar que quando fecho os olhos o mundo não desaparece. Ele continua ali, à minha volta na sua fervura lenta até à evaporação total.
Te parece estranho o que eu te falo logo hoje? Hoje porque é agora, logo é agora, tudo é hoje, intemporal tempo marcado no calendário da vida.
Fecha os olhos, finge que os tens. O mundo parece desapareceu e se agora os abrires lá está tudo na mesma como te rodeava nuns instantes atrás.
O mundo não desaparece quando fecho os olhos. Mas é pena, te digo eu. Não é porque eu queria que alguma coisa desapareça, mas sim para que enquanto eu estiver de olhos fechados não perca um instante deste mundo.
Mas a realidade é aquilo que os teus olhos vêem, que o teu corpo sente?
Tenho medo que a realidade que eu sinto não seja a real forma de existência.
Me entendes?
Pelo teu silêncio parece que sim. Ou não?
Olha, eu tenho medo que na realidade nada seja real e eu ande a perder tempo com angustias inexistênciais.
Mas a verdade é que a angustia está aqui, rodeando-me, embrulhando as minhas palavras que te dirijo, como se fosse uma prenda qualquer.
Olha, o melhor mesmo é embrulhar-me de angustia e não pensar em nada, seguir o caminho como uma marioneta, procurar-te num outro lugar, onde possa descansar à tua sombra.
Sanzalando

6 comentários:

  1. Que coisa linda!
    Todos temos nossos momentos
    de angústia.
    E descrevestes estes momentos
    de uma maneira
    sensível e especial...
    Adorei!
    "O mundo não desaparece quando fecho os olhos. Mas é pena, te digo eu. Não é porque eu queria que alguma coisa desapareça, mas sim para que enquanto eu estiver de olhos fechados não perca um instante deste mundo"
    Um abraço.*Juli*

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  2. Viva Carlos:

    Vim lêr a tua reflexão e... dizer-te o quanto bonito fica aquele "selo" lá em cima, á direita, desta tua página.
    Tudo o que podermos fazer para tentar salvar este lugar maravilhoso... é pouco.

    Um abraço,

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  3. ...

    Quem pára um pouco para pensar e ver que este planeta maravilhoso está a pedir a ajuda de todos?

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  4. Olhe, penso como é linda a sua forma de expressar-se repleta de magia encantadora no seu pensamento feito de sonhos bons. O que diz, o que sente, o que vive, são de uma ternura beleza poética, que delicia. Muitas vezes também fecho os olhos como embalado num silêncio que me provoca bem-estar e me faz feliz. Feliz! As angústicas engendradas por conflitos da existência também moram em mim. Creio que, em toda a gente que se agita por pensar ou somente Estar. Por somente Ser. Eu estou, você está. Eu sou, você é.
    Nunca, mas nunca, me permitirei abandonar a criança que fui, sem angústias, sem iniquidade, sem pensamentos amedrontados.
    Serei sempre o que sou, feliz por viver, atónito pela imensa beleza de tudo.
    A Vida merece!
    Fecharei sempre os olhos quando necessitar, planando eterna e docemente no deslumbramento do ser. É fundamental! É imprescindível!
    Excelente texto!
    Com estima.
    Abraço.
    pena

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  5. Mas a realidade é aquilo que os meus olhos vêem, que o meu corpo sente?
    Também eu tenho quase medo que a realidade que eu sinto não seja a real forma de existência.
    Pior, há dias em que tenho quase certezas. Umas vezes assusto-me outras, fico baralhada. Beijo gordo.

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  6. Tem dias que o mundo desaparece.
    Não sei porque mas ontem o mundo estava aqui, hoje sumiu. O que tinha importância ontem, hoje virou um grande nada. Estranho! Isso deve ser angústia.

    Estou tentando entender se a realidade é aquilo que sentimos.
    Uma micro-realidade, talvez.
    Se tivéssemos a capacidade de sentir o que todos sentem, pderíamos conhecer a realidade. A ralidade seeria um somatório de sentimentos?
    Sei lá. Não vejo como poderíamos.

    Sei "hoje" que a minha realidade "agora" também está embrulhada. Sem um motivo aparente, ou se existe está lá no subconsciente.
    O melhor em dias assim, eu acho, é fechar os olhos e desejar que o mundo apareça amanhã. É o que vou fazer!
    .~.~.~~.

    Sigo este caminho à distância, como se estivesse a procurar os rastros de uma caminhada que o mar não apagou. Dessa maneira, posso refletir sobre coisas que sozinha não faria.
    É bom, solitário e muito traqüilo.

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