Meu querido zulmarinho
Te escrevo hoje uma carta porque hoje não estou com vontade de falar com ela, que jaz ali estirada na areia como se não houvesse coisas mais importantes no mundo para fazer. Por isso me calo e te escrevo. Ela não sabe ler, acho eu, e se por acaso o soubesse, naquela posição não ia conseguir ver nada.
Mas te escrevo porque sinto medo de sair por aí a correr, entrar-te e ir a caminho da linha recta que é curva, querer saber profundamente dela, lhe sentir o cacimbo me humedecer até nos ossos, lhe falar com amigos de que lhes tenho saudade de ouvir gargalhar, da Armanda, da mesa farta cozinhada pela D. Fernanda, dos cigarros seguidos da Di, de reaccionar a Té e lhe levar a levantar a voz até parece está zangada mas é só mesmo até ela descobrir que lhe descobri o ponto fraco, de ouvir o chorar da viola do Manel, de perguntar no Vasco a que horas ele ma vai buscar no Mussulo, mesmo hoje que tem cacimbo que não lhe deixa nem ver.
Sei que é difícil mudar sem a gente conhecer a gente no seu todo de interioridade profunda que não transparece na periferia. Sei que é difícil ficar sentado na esperança, que é impossível voar no vento e caminhar sobre palavras até lá lhe chegar.
Não te parece lógico o que eu te escrevo? A mim é mais lógico que a própria lógica, logicamente.
E assim deixo o lápis rabiscar estas palavras que te vou entregar em mão própria para não se perder num mão em mão até à mão final, com o acrescento de pontos e letras que essa via pode acrescentar,
Zulmarinho, fica a saber que toda esta sensação é de quem anda perdido, desamparado, desequilibrado de não ter nada para além da obscuridade de lhe ser ninguém, de sentir frio porque está sozinho neste infinito de longe.
Escrevo-te zulmarinho, para que saibas que me abraço e não me sinto calor, porque fecho os olhos e não me acho.
Escrevo-te, zulmarinho, porque quero que me tires o medo para poder estar comigo e encontrar-me completamente onde quer que eu esteja. Quero sair deste buraco e poder ver o sol mesmo quando a noite estrelada invade este canto.
Te escrevo, zulmarinho, porque foste sempre tu que sentiste as minhas emoções e me deixas acom uma paz que me ilumina, mesmo quando a tempestade se cai dentro de mim.
Te escrevo hoje uma carta porque hoje não estou com vontade de falar com ela, que jaz ali estirada na areia como se não houvesse coisas mais importantes no mundo para fazer. Por isso me calo e te escrevo. Ela não sabe ler, acho eu, e se por acaso o soubesse, naquela posição não ia conseguir ver nada.
Mas te escrevo porque sinto medo de sair por aí a correr, entrar-te e ir a caminho da linha recta que é curva, querer saber profundamente dela, lhe sentir o cacimbo me humedecer até nos ossos, lhe falar com amigos de que lhes tenho saudade de ouvir gargalhar, da Armanda, da mesa farta cozinhada pela D. Fernanda, dos cigarros seguidos da Di, de reaccionar a Té e lhe levar a levantar a voz até parece está zangada mas é só mesmo até ela descobrir que lhe descobri o ponto fraco, de ouvir o chorar da viola do Manel, de perguntar no Vasco a que horas ele ma vai buscar no Mussulo, mesmo hoje que tem cacimbo que não lhe deixa nem ver.
Sei que é difícil mudar sem a gente conhecer a gente no seu todo de interioridade profunda que não transparece na periferia. Sei que é difícil ficar sentado na esperança, que é impossível voar no vento e caminhar sobre palavras até lá lhe chegar.
Não te parece lógico o que eu te escrevo? A mim é mais lógico que a própria lógica, logicamente.
E assim deixo o lápis rabiscar estas palavras que te vou entregar em mão própria para não se perder num mão em mão até à mão final, com o acrescento de pontos e letras que essa via pode acrescentar,
Zulmarinho, fica a saber que toda esta sensação é de quem anda perdido, desamparado, desequilibrado de não ter nada para além da obscuridade de lhe ser ninguém, de sentir frio porque está sozinho neste infinito de longe.
Escrevo-te zulmarinho, para que saibas que me abraço e não me sinto calor, porque fecho os olhos e não me acho.
Escrevo-te, zulmarinho, porque quero que me tires o medo para poder estar comigo e encontrar-me completamente onde quer que eu esteja. Quero sair deste buraco e poder ver o sol mesmo quando a noite estrelada invade este canto.
Te escrevo, zulmarinho, porque foste sempre tu que sentiste as minhas emoções e me deixas acom uma paz que me ilumina, mesmo quando a tempestade se cai dentro de mim.
Te escrevo, zulmarinho, porque sei que vais ler esta carta e me vais dar a satisfação de responder, mais cedo ou mais tarde, antes de enloucar docemente.
Sanzalando
Libertaste-te da tua sombra... não sei se chore, se ria... isto deverá significar alguma coisa... porém...???? será isso que te faz levitar? soltaste amarras????
ResponderEliminarSei que não me vais responder...
SJB
Escreve com as palavras alinhadinhas e docemente trabalhadas como numa filinha ordenada de formiguinhas construindo o seu belo refúgio. Tão certinhas!
ResponderEliminarFala ao seu zulmarinho, que sempre lhe pertenceu. Para mim, é seu.
Como brotam com encanto as recordações do antes, que agora é depois, mas que merece recordar, porque são deslumbrantes recordações de antes. Respeito muito os sonhos de antes e, os seus permanecem bem vivos na sua memória que não esquece. Nunca esquecerá.
Como este caminhar pelas palavras torna-o um mágico das frases, dos parágrafos, das ideias que expressa ternamente. Não! Se anda perdido nelas e, no seu zulmarinho do pensamento, não o descortino. Preenche-me. Transcende-me, quando o ouço.
Feche os olhos de novo. Claro que se descobre. Só pode descobrir-se, a si e, ao sonho. Sabe, por quê?
Porque todos os que por aqui passam não o esquecem, pode ter a certeza.
Jamais!
Excelente rendilhar de palavras que possui.
Com muita estima e consideração, aliadas ao respeito.
Um Abraço.
pena
JotaCê:
ResponderEliminarSabes como tocar o coração
das pessoas com tuas lindas
e doces palavras
Com certeza também,
habilmente tocarás
o coração de tua amada.
Quase me transformei
"neste teu zulmarinho"
só para não sentir
tua nostalgia
e para que ele
respondesse tua carta.
Faz de conta que sou ele
e te falo através dos versos
de Gibran:
"O amor é uma palavra luminosa,
traçada por uma mão iluminada
numa página de luz"
E você é:
A mão iluminada
e a página de luz...
Lindo texto!
Receba a minha admiração,
um respeitoso
e carinhoso abraço.
Meu e do Brasil
especialmente
para você.