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13 de junho de 2007

Chamas na alma

Vamos continuar aqui sentados a falar sobre tudo e sobre nada, assim num diálogo em que falo e tu ouves com a tua fome de ouvir-me.
Olhamos o final do zulmarinho porque é ele que ilustra as minhas palavras que se desamparassem no vento, é ele que perfuma de maresia as frases que se perdem.
Eu bebo uma birra loira estupidamente gelada para me olear a goela e tu de orelhas à brisa para lhes arejares.
Este é o nosso cenário. Simples e ao mesmo tempo irrequieto. As nuvens se movem, o zulmarinho não se imita em cada instante e a maresia é por vezes intensa outras quase passa sem ser sentida.
Falamos as palavras que me saem da boca assim directamente de dentro, como tivessem sede de liberdade. Lhes captas no instante para que não se percam por aí, as que não captares se voam sem rédeas.
Às vezes tem dias, que de manhã, no acordar, se desaba o mundo como se ele fosse um inferno e a gente agarra quem está assim mais à mão e lhe desanca a raiva, assim num modo de parecer bombeiro a lhe apagar as chamas que lhe vão na alma.
E porque te falo eu disso?
Porque quando vinha ter contigo para este caminhar com sabor a maresia, neste olhar para lá da linha recta que é curva, neste cantinho onde recebo as mukandas das kiandas do início do zulmarinho, alguém me gritou assim no ouvido:
Acabe com o choradinho da sua pagina, das saudades, deste e daquela, dos seus escritos de baba e ranho!!!! Para quê ? ISSO TEM UM NOME !!!!!!
Me lembrei depois podias ser tu a querer desprender-te de ser a minha sombra. Olhei para um lado e depois para outro e não eras tu porque tu estavas ali, serena, agarrada aos meus pés, sem esboçar qualquer movimento de liberdade. Me continuaste a seguir até aqui chegarmos e aqui a meu lado estás esparramada na areia das mil cores a me ouvir e eu a compreender os teus silêncios.
Diria mesmo que podes estar triste porém não estás infeliz, porque és grande para te deixares enrolar numa resposta que às vezes até te pode apetecer dar e não dás porque somente não queres te desfazer dela.
Afinal de contas era só mesmo alguém a querer apagar o seu incêndio. Isso tem nome e se chama vontade de ser feliz, mesmo que seja amarrado num pesadelo de ter que se aturar.

Sanzalando

6 comentários:

  1. Sobre publicar um livro...você é modesto hein??? Deixa disso...tenho certeza que ia fazer sucesso!!! Adorei essa música. No Brasil hoje é dia de São João, o forró e as guloseimas juninas devem estarem correndo solta...deu até saudade!

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  2. Agora lhe ouves vozes no ouvido?
    Daquelas que sopram estritendes e se desconhece de onde vêm?
    Algum saco de vento lhe vazou na distracção do António lá de cima, e entre umas e outras letras, se espalharam pelas areias de mil cores, conforme a vontade da brisa de final de dia.
    Vá lá, encosta mais uma vez o búzio no ouvido certo, sintoniza, escuta e te organiza em Ser e Sombra.
    SJB

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  3. Como eu te entendo. Serve para tudo aquilo que queremos ou que não queremos ver.... Gostei
    Bjs
    IR

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  4. Viva Carlos:

    Eu compreendo... e compreendo-te.
    Mas também gostava tanto que um dia aqui mostrasses, por palavras, a beleza daquilo que mais te fascinou nessa "linha recta que é curva", os momentos,os cheiros, a atmosfera, etc.
    Como que recordar... de forma feliz.

    Um abraço,

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  5. E é a vontade de ser feliz que nos faz levantar todos os dias, que nos ergue em todas as quedas. Para experienciar a felicidade é necessário acreditar. Há dias assim...

    Abraço.

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  6. vamos ver o zulmarinho, as curvas que são rectas, sempre a mesma baba e ranho.... (traduzindo para linguagem nortenha) sempre o sentimental... zulmarinho de mil cores ? que tal vermelhinho de milhões de cores!!! soube bem reproduzir-me ? Acertou nos meus pesadelos... enquanto não souber dos meus amigos, não beberei agua do Bengo...quero saber porque os mataram, onde estão enterrados..quero saber onde estão os mortos de 27 de maio

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