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28 de junho de 2007

Caminhos (2)

Tentei correr sobre as águas para ver se conseguia assim diminuir a distância que me separava da linha horizontalmente curva.
Corria e me afogava na incapacidade respirar, no cansaço e no desespero de não conseguir atingir a linha.
Foi neste momento que encontrei um velho mais velho que o tempo. Tinha aspecto venerável por trás da sua branca barba. Me perguntou na sua voz doce para onde eu ia naquele louca correria. Lhe respondi ofegante que procurava a porta da horizontal linha curva.
- Está ali! me indicou ele com o indicador da sua mão direita carregada de rugas marcadas pelo tempo, apontado como se para mim.
Pensei calado que o velho devia estar louco, pois faz tanto tempo que enveredei pelo caminho, continuo a ver a linha recta que é curva na mesma distância com que iniciei a marcha, a corrida e as paragens de repouso e ele me diz que está ali. Como poder estar ali a porta da minha liberdade?
O velho falou como se tivesse escutado o que eu pensei, que eu sei que foi mesmo dentro de mim que me falei.
- Te enganas. Essa porta não está na linha do horizonte, porque ela não está lá, assim tão longe. Essa porta está mesmo contigo e tu só tens de a encontrar e atravessar. Como pudeste pensar que as aves eram livres, que as toupeiras o eram, assim como os golfinhos? Tu podes fazer isso tudo! Tu pensaste que as aves, as toupeiras e os golfinhos falam? Não, eles não falam, agora tu tens um dom que te faz livre que é tu podes imaginar. Tens a capacidade de imaginar o coração da terra e os limites do céu. O universo é o teu ilimitado espaço.
Parei a caminhada, fechei os olhos e tentei recuperar os anos perdidos na caminhada. Assim matutei sobre como me saberia agora um prato de matete comido na infância e cujo a receita a minha avó não me deixou em testamento adornado com o carinho que ela lho fazia e descobri que os sonhos são a minha porta da liberdade.






Sanzalando

6 comentários:

  1. Amigo Jotacê:
    Quando calcorreia as águas tem um poder imenso. Esse poder está na voz de um velho, mais velho que o tempo. A marcha e as pausas que faz são necessárias. Primam por reflectir o que vai em si.
    Sou mais novo que o velho que, é mais velho que o tempo, mas sempre, ousadamente, afirmei que a linha horizontal que é curva é pertença sua. Conquistou-a há muito. Acredite. Pode com o pensar pôr as aves, as toupeiras e os golfinhos a falar se o pretender. Chega um movimento, um gesto, uma palavra segredada. Basta um esforço criativo qualquer e que possui muitos.
    Sabe, sábia deveria ser a ternura da sua avó. De todos as sábias avós. Belas! Eternamente duradouras. Visíveis. Presentes. Enormes de sentimentos. Constantemente no nosso coração.
    Como posso malhar num autor, se o texto é profundo e belo. Explique-me? Claro. Não sou capaz. Sinto-me repleto de inércia e sem vontade para ser injusto. Não ficaria bem.
    Excelente!
    Possui um poder criativo, crítico e afectivo que conquistam.
    Desculpe, não posso mais uma vez dizer mal.
    Fica registado em mim as apetências de um divagador de excelência, por transportar sonhos lindos.
    Parabéns!
    Um Abraço e estima
    pena

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  2. Poliedro ou pena, não percebo nada disto... será que o meu caro também é o JC ? Está a dar cabo desta cena, com tanto servilismo.

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  3. Gostava que esse anónimo, vestido numa capa encoberta, desse a cara e referi-se cara a cara onde está o servilismo.
    Por que me julgam?
    Isto será um tribunal?
    Que fiz eu por ser sincero, um pai dedicado e um Professor atento.
    Ontem, quando abri esta página, O meu filho mais novo comentou:-"Pai? Não gostam de ti, é?
    Não ligues. Eu gosto de ti."
    Se quiser ser honesto deite fora a capa e pense. É que encoberto fere mais.
    Ao meu querido amigo Jotacê digo, apesar de ser sincero consigo e não poder ser cínico, porque não posso, se quiser pode apagar todos os meus comentários. Eu não me importo.
    Serei sempre fiel ao meu pensamento, do séc.IV ou não.
    Não entendo porque me julgam?
    pena

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  4. anónimo :



    Ponto 1 : O poliedro é um chato (por ser uma pessoa autêntica ?).

    Deve deixar de ser chato e passar a ser uma pessoa cínica (com total desprezo pelos seus princípios e estilo de decência comunicativa ?)

    Ponto 2 : Percebo o comentário do anónimo mas, não o aceito !

    Os panegíricos são do antigamente ( mais propriamente do século XIV)

    E creio que (excepto na simplicidade e destinatário) a forma poderia , parcialmente , encaixar no estilo . Não é, seguramente, o caso em apreço.

    Mas , classificar o discurso como sendo -fora do tempo - pergunto , então :

    - quem o determina ?

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  5. Poliedro, quando quiser eu dou a cara, é só marcar. Não tenho medo.
    1- Não o julguei, não sou Juiz.
    2- Nunca disse se era sincero ou hipócrita, nunca me referi se é bom pai ou não, nem à sua profissão
    3- Não percebo a alusão ao s/filho,
    não tenho de gostar de si...acho bem que o s/filho goste. -Não gosto dos s/comentários,e tenho o direito de o dizer. Quando o desejar tiro a capa,pois nem só os Profs são honestos.- Quanto ao mais retiro a palavra "servilismo"

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