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26 de junho de 2007

Verão, sem explicação

Se há coisas que eu não posso entender, há coisas que não posso explicar-te porque nem a mim eu consigo explicar-me. Não as entendo e pronto, assunto arrumado. Ponto final parágrafo. É assim, sem mais nem menos, sem rancores ou decibéis de gritos. Quando o sol se põe o mundo não pára. Quando eu não entendo não posso parar. Simplesmente assim.
Procuraria modelos matemáticos se eu fosse um matemático, procuraria esquiços se fosse um desenhador, a fórmula molecular se fosse químico e por aí fora.
Como não sou nada disso, limito-me às coisas simples, refugo de palavras que se diluem nas frases feitas em tubos de ensaio do laboratório da vida.
Já sei que é uma questão de expectativa. Afinal de contas que mais sou eu senão uma expectativa de mim?
Não entendo o dia de amanhã, e por isso vou parar-me no hoje e ficar aqui sentado a ver-me correr os segundos na sua cadência imparável?
Que nada, vou partir para o laboratório e estudar: a rua!
Música, som, ruído, gente que invade a praia, as ruas e os becos. Gente feliz como que a correr de fogueira em fogueira esquecendo os infernos da vida. Dormir na praia até amanhecer, calcorrear sítios, descobrir mundos novos nos mundos mais que usados.
É cada ano o mesmo ciclo que se abre num fecho de esperança.
Afinal é o verão.
Como é que vou explicar-me se eu não me entendo?

Sanzalando

2 comentários:

  1. Amigo Jotacê:
    Simplesmente, notável. Deliciosas palavras.
    Sabe, também tenho um "laboratório" da vida. É lá que tento dissecar os meus actos, as minhas palavras, o meu insensato procedimento. Muitas vezes ou poucas vezes. O que penso e o que faço.
    A sua rua. Também tenho uma. Pacata pela pacatez ou agitação, sóbria por sobriedade ou falta dela, sensata, pela sensatez ou insensatez. Só sei que me deleito com ela, com a minha rua, que é só minha, digam o que disserem.
    Não sou muito para confusões ou reboliços sociais. Mantenho-me distante. Apenas, sou.
    Adorei! Encanto feito de palavras numa descrição que registo.
    Abraço e estima
    O Amigo
    pena

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  2. Ir por aí, rua abaixo, serra acima, areia afora é rumo que tomo em hora d'alegria ou de tristeza, ... Ir por aí, sem rumo nem destino, escutando os silêncios, cruzando gentes, às vezes descobrindo côr num mundo em tons de cinzento ou um mar de verdes entre folhagens que resmalham no meio dos pedragulhos da Pena.

    É bom calcorrear por aí. Descobrir mundos que já lá estavam e acordar em dunas vicentinas. E é bom perceber que há mais loucos como eu.

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