Mas porque é mesmo que eu tenho duas pedras na mão?
Ah, já sei! como se eu estivesse ficado espantado...
Uma é para usar como riscador e outra mesmo para usar faz conta é papel que parece ainda não foi inventado, e assim escrever o que me vai no pensamento e me corre na vida e faço um livro feito calhau que alugarei de porta em porta, começando na do vizinho que sempre fica mais perto e eu tenho que ficar à espera que acabe de ler, porque ainda não inventaram a impressora que escreva na pedra porque ainda não inventaram o papel, e por aí em diante.
Bato à porta do vizinho e como ele não responde e ainda não inventaram a porta propriamente dita eu lhe entro pelo buraco onde ficaria a referida porta se lhe tivessem inventado. Depois de eu entrar vejo que não está ninguém além dum cacto, que, para espanto meu, quase me atirou no chão de susto pois estava vestido de camisa branca, assim tão bem passada que até parecia já tinham inventado o ferro de carvão de passar a ferro. Consegui ainda ver com olhos esbugalhados que ali, onde deveria ser o coração, se já tivessem feito a discrição da anatomia e a geografia do corpo, estava que nem pintado um verde jacaré. Cambaleando imaginei o que estava a ver: um cacto, carregado de picos e vestido de camisa branca sem ruga e de jacaré pintado de verde. M’equilibrei e consegui recuperar as forças, ainda não tinham inventado o 112 e eu não podia desfalecer ali na casa do vizinho sem ninguém por perto. Refeito desse espanto tombei com grande estrondo noutro espanto. Ele estava virado para uma caixa de madeira que debitava imagens e vozes que até pareceia eram de verdade. Eu sei que não teria caído nesse espanto se já tivessem inventado a televisão, mas a verdade é se ainda não inventaram a porta como poderiam ter inventado a televisão?
Com tanto espanto eu já não trazia o meu calhau feito livro na mão. Estava algures no chão daquela casa, largado num cambalear qualquer, e nem o recuperei quando passei a correr pelo buraco onde deveria estar a porta, se já a tivessem inventado, tal era o meu ar de susto.
E como fiquei só mesmo com o riscador, perdi o calhau que será daqui a uns anos o papel, quando lho inventarem, deixei de escrever o que me vai no pensamento e me corre na vida e passei a contar nas palavras faladas todas as estórias, que mesmo que não se tenham passado não deixam de ser verdadeiras só porque adiadas.
Bato à porta do vizinho e como ele não responde e ainda não inventaram a porta propriamente dita eu lhe entro pelo buraco onde ficaria a referida porta se lhe tivessem inventado. Depois de eu entrar vejo que não está ninguém além dum cacto, que, para espanto meu, quase me atirou no chão de susto pois estava vestido de camisa branca, assim tão bem passada que até parecia já tinham inventado o ferro de carvão de passar a ferro. Consegui ainda ver com olhos esbugalhados que ali, onde deveria ser o coração, se já tivessem feito a discrição da anatomia e a geografia do corpo, estava que nem pintado um verde jacaré. Cambaleando imaginei o que estava a ver: um cacto, carregado de picos e vestido de camisa branca sem ruga e de jacaré pintado de verde. M’equilibrei e consegui recuperar as forças, ainda não tinham inventado o 112 e eu não podia desfalecer ali na casa do vizinho sem ninguém por perto. Refeito desse espanto tombei com grande estrondo noutro espanto. Ele estava virado para uma caixa de madeira que debitava imagens e vozes que até pareceia eram de verdade. Eu sei que não teria caído nesse espanto se já tivessem inventado a televisão, mas a verdade é se ainda não inventaram a porta como poderiam ter inventado a televisão?
Com tanto espanto eu já não trazia o meu calhau feito livro na mão. Estava algures no chão daquela casa, largado num cambalear qualquer, e nem o recuperei quando passei a correr pelo buraco onde deveria estar a porta, se já a tivessem inventado, tal era o meu ar de susto.
E como fiquei só mesmo com o riscador, perdi o calhau que será daqui a uns anos o papel, quando lho inventarem, deixei de escrever o que me vai no pensamento e me corre na vida e passei a contar nas palavras faladas todas as estórias, que mesmo que não se tenham passado não deixam de ser verdadeiras só porque adiadas.
Sanzalando
JotaCê você pode comer maniçoba se for para região norte do Brasil. É uma delícia, acho que você iria gostar. Se um dia for lá me avisa para te dar umas dicas, ok? Tenha uma boa semana.
ResponderEliminarEsta estória de riscador, e camisas jacaré acabou mesmo de terminada, ou acabou com o fim adiado para amanha?
ResponderEliminarSJB
CARLOS :
ResponderEliminarEstás , de novo , em grande forma !
Toma cuidado ...não te chame o JESUALDO !
Um abraço
JotaCê:
ResponderEliminarLindo texto!
Maravilhoso como sempre!
Recebi uma indicação para o concurso
"As 7 maravilhas da blogosfera"
o que para mim foi uma alegria
mas também uma responsabilidade.
E como acho seu blog
"uma das 7 maravilhas"
indiquei você...
NÃO É OBRIGATÓRIO
mas gostaria que você viesse
ao meu blog para conferir.
Um abraço carinhoso
e a minha admiração e respeito.
*Juli*
Mais um texto bonito.
ResponderEliminarParabens JC.
WF
P.S. - Poliedro
Peço desculpa por a minha falta de sensibilidade não ter visto logo o genero a que vc pertence. Posso garantir-lhe uma coisa. Não tive qualquer propósito em ofender.
WF
Amigo WF:
ResponderEliminarEu é que peço imensa desculpa.
Já o considero um amigo e, olhe, que não tenho muitos.
Mais uma vez, vinco bem os meus pedidos de desculpa, amigo WF.
A minha seriedade perante a vida é sincera pode crer.
Sou muito susceptível e comovo-me facilmente. Sou um homem que chora a vida, quando ela é de chorar.
Desculpe!
Abraço sincero.
Com muita estima e consideração
pena
Adios até ao meu regresso. Já vi como és susceptivel... se choras a vida, deves chorar 24 horas, porque a vida neste pais é uma merda.
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