Hoje caminhamos num passo que nem sei como nos movemos. Lentamente, para não deslocar o vento que não sopra, não vai ele acordar e dar umas de rajada que nem joeira ia ficar quieta lá no céu rodopiando seu rabo colorido feito de papel celofane.
Ai uê! me fui recordar dos caniços cortados em quatro para ficar assim que metade de meia cana, cola branca se havia ou então cola de farinha, papel colorido de muitas cores, barbante de sapateiro e uma alegria enorme de construir a joeira que outros lhe chamavam de papagaio de papel que eu nunca soube porque já que joeira não fala, por isso não pode ser mesmo papagaio. Se joeira falasse ia só dizer palavrões, que nos tinha ouvido quando as coisas ficavam mal feitas da primeira vez e tinha de ser reconstruído. Nessa altura mesmo, ainda não tinham inventado essa coisa de manual de instruções para as coisas feitas em casa de ver outros fazer. Acho mesmo ainda não tinham inventado a física e o aerodinâmico. Havia mesmo era só vontade e entusiasmo no coração.
Vais ver me lembrei porque é dia de ser criança outra vez.
Já sei, a memória é assim como que selecciona aquilo que a gente quer recordar, o que convém e nunca faz comentários, não protesta nem reclama com o entender porque sabe que às vezes o entender só trás confusão a mais nela. Eu e a minha memória nos entendemos. Às vezes ela me faz traição, outras vezes sou eu que lhe corto a raiz, assim ficamos quites.
Minha memória é assim como que nem os meus olhos. Estes só observam mesmo o que acreditam ser a realidade e não me deixam ver o que eles vêem.
É assim como que o meu corpo, feito de cartolina que fica mole em dia de humidade, que rasga se eu tento mexer os braços e as pernas de encontro às inconsequências da vida.
Agora já entendes porque caminhamos nesta velocidade de palavra a palavra?
Vá lá, faz mais um esforço e me ouve enquanto eu tiver forças e vontade para te falar. Afinal de contas, mesmo a gente estar assim separados mas ligados não deixas de ser parte de mim e vice versa também.
Cada vez acredito mais que o meu sangue, e o teu que não tens também, é água desse zulmarinho que começa lá e acaba aqui. As minhas veias são assim como estradas que ele usa para se entranhar aqui na terra e se aprofundar como se fossem as suas raízes.
Meus dedos são assim como que abanam esse zulmarinho e lhe fazem ondas.
Hoje te falei assim porque me lembrei que hoje é dia de ser criança outra vez.
Ai uê! me fui recordar dos caniços cortados em quatro para ficar assim que metade de meia cana, cola branca se havia ou então cola de farinha, papel colorido de muitas cores, barbante de sapateiro e uma alegria enorme de construir a joeira que outros lhe chamavam de papagaio de papel que eu nunca soube porque já que joeira não fala, por isso não pode ser mesmo papagaio. Se joeira falasse ia só dizer palavrões, que nos tinha ouvido quando as coisas ficavam mal feitas da primeira vez e tinha de ser reconstruído. Nessa altura mesmo, ainda não tinham inventado essa coisa de manual de instruções para as coisas feitas em casa de ver outros fazer. Acho mesmo ainda não tinham inventado a física e o aerodinâmico. Havia mesmo era só vontade e entusiasmo no coração.
Vais ver me lembrei porque é dia de ser criança outra vez.
Já sei, a memória é assim como que selecciona aquilo que a gente quer recordar, o que convém e nunca faz comentários, não protesta nem reclama com o entender porque sabe que às vezes o entender só trás confusão a mais nela. Eu e a minha memória nos entendemos. Às vezes ela me faz traição, outras vezes sou eu que lhe corto a raiz, assim ficamos quites.
Minha memória é assim como que nem os meus olhos. Estes só observam mesmo o que acreditam ser a realidade e não me deixam ver o que eles vêem.
É assim como que o meu corpo, feito de cartolina que fica mole em dia de humidade, que rasga se eu tento mexer os braços e as pernas de encontro às inconsequências da vida.
Agora já entendes porque caminhamos nesta velocidade de palavra a palavra?
Vá lá, faz mais um esforço e me ouve enquanto eu tiver forças e vontade para te falar. Afinal de contas, mesmo a gente estar assim separados mas ligados não deixas de ser parte de mim e vice versa também.
Cada vez acredito mais que o meu sangue, e o teu que não tens também, é água desse zulmarinho que começa lá e acaba aqui. As minhas veias são assim como estradas que ele usa para se entranhar aqui na terra e se aprofundar como se fossem as suas raízes.
Meus dedos são assim como que abanam esse zulmarinho e lhe fazem ondas.
Hoje te falei assim porque me lembrei que hoje é dia de ser criança outra vez.
Sanzalando
Ai Ué, Ai Ué
ResponderEliminarSe fazia joeira e os minino sempe a correr mais do que as minina!!!!!
Não havia Xacto, se cortava mesmo com a faca de cortar sabão ou com a faca de cortar peixe... me lembrei do tal fio do norte, usado lá no sul do zulmarinho.
Sjb
Um dia destes, ao atravessar um corredor duma escolinha, espreitei um cartaz que se estava quase a descolar. Por cima, em letras grandes dizia:"Todas as crianças têm direito a" e, mais abaixo os garotos tinham escrito as suas opiniões:
ResponderEliminar- passear na rua tentando pisar só nas pedras pretas da calçada;
- ter comida em casa;
- escrever e falar uma língua inventada;
- 1 vez na vida poder escolher o chocolate que lhe apeteça;
- não ficarem sózinhos e a chorar;
- ver o mar verdadeiro;
- serem alegres e terem amigos;
- brincarem uns com os outros;
- acreditar que têm um adulto que gosta muito deles;
Um dia destes vou fazer uma joeira com eles...
Viva Carlos:
ResponderEliminar... e como eu também recordo com nostalgia os anos duma infância feliz... muito alegre.
Penso que é isso que nos marca para o futuro.
Sermos pessoas mais solidárias, mais alegres, mais equilibradas e, sobretudo, mais abertas a mentes que não pensem excatamente como nós.
A isto chama-se tolerância... uma qualidade que cada vez mais vai sendo uma raridade.
Vim desejar-te também um óptimo fim de semana.
Tu mereces :-)
Um abraço,
Joeira...barbante...criança..
ResponderEliminarliberdade...despreocupação...Como é bom ser criança...Gostei
BJ
IR
...E uma que num dia voou tão alto... tão alto... tão alto... que até desapareceu , lá mesmo no infinito do deserto !
ResponderEliminarLhe chamaram de joeira da Lua
Era AZUL e BRANCA (à PORTO)
Será que Lua é da gente ?
A criança que lhe corre no sangue, no coração e na Alma, apresentam-se sempre na partilha franca, séria, com que pinta os quadros com cenários inesquecíveis de imensa beleza.
ResponderEliminarA dança das palavras na sua peculiar forma de o fazer, entram em mim e permanecem na minha memória agradavelmente, por serem sentidas e verdadeiras.
Desmancha frases, compõe frases, no ritmo poético de ser, como se de uma melodia bela se imíscui-se em si e em nós.
Muito agradável lê-lo!
Com estima.
pena
Papel!
ResponderEliminarMe fizestes recordar navios de jornal que eu fazia quando era criança nos dias de chuva.
Na correnteza eles eram ainda mais lindos pelo movimento.
Chuva!
Me fez lembrar a volta da escola quando pisava forte em todas as poças d'água para ver a água se espalhar e me molhar.
Chegava em casa como um pinto molhado mas muito feliz.
Feliz!
Lembrei de um sobrinho que entrou de roupa no mar e... putzgrila! eu não tinha lugar onde secar as suas roupas.
Chovia sem parar e quando reclamei, ele respondeu:
"Tia, sempre tive vontade de fazer isso! Minha mãe não deixaria e eu estou feliz porque realizei esse sonho."
Mesmo assim fiquei chateada pelo trabalho que ele me deu, depois pensei, estou ficando velha e é hora de tomar uma atitude antes que seja tarde demais.
As crianças são autênticas e "se sentem" livres para serem felizes.
Tomei uma atitude!
Também quero ter o direito de ser livre para ser feliz. E assim, vivo tentando.