
Mas na verdade nem apanho chuva, nem me despenteia o vento e nem eu tremo de frio. Tremo apenas de medo que alguma onda mais revoltada me venha desassossegar.
De repente tive um flash, me veio à ideia a morena alta, a que no verão veste biquini azul e que no inverno passeia todas as seis da tarde pelas ruas da cidade. E nesta imagem ela sorria, o que me fiz sorrir atrás da minha timidez e escondendo a vergonha de que alguém me visse sorrir num nada. Mas ali estava ela, superior às ondas, indiferente à chuva e ao vento e algum trovão que ouvia vindo lá de longe. Sempre altiva, a moça.
Dei um passo atrás como que a dar espaço para a conseguir ver de corpo inteiro. Meus olhos me estavam a mentir. Ela não estava ali. Fora apenas um flash de recordação.
A chuva é real como o é o vento e o mar revoltado. O resto é a minha memória a se confundir num retrocesso mental, na doce loucura de voltar a ser jovem, na minha rua, no meu lugar de ser feliz.
Sanzalando
Gostei muito do seu texto.
ResponderEliminar