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21 de julho de 2012

quantas vezes

Quantas vezes percorri as tuas ruas em busca de adjectivos, palavras bonitas de som agradável e ao mesmo tempo comparei a minha vida a um conto de fadas? É mais do que claro que há erros de estória, desencontros de datas, de olhares e de tempos.
Quantas vezes te procurei, sem artifícios nem artefactos, com a ideia de que tudo entre nós ia dar um certo de palavras grandes e afinal tu respondias com nadas e eu tentava sempre? É mais do que claro que os meus olhos eram os únicos que viam.
Quantas vezes pensei que precisava de tempo para poder confiar de novo e que os meus olhos necessitavam de água limpa para verem mais claro mesmo nas noites escuras? É mais do que certo que as palavras meigas nunca foram pronunciadas.
Rua após rua num quadriculado geométrico de estirador desrimado, cantei poemas e chorei dramas em tramas cinematográficas de filmes de meia-noite.
Quantas vezes deitei fora as minhas preferências, as minhas alegrias e as minhas paixões para entrar nos teus sonhos? É mais certo que fiquei de fora porque sonhar nunca o fizeste.
Quantas vezes chorei sem lágrimas as minhas alegrias abafadas porque as tuas palavras nunca me chegaram aos ouvidos? É certo que nem sabes que eu existo como eu.
Rua após rua sou gente confusa, livro sem letras, canção sem música, aventura sem acção.
Quantas vezes deixei a minha marca e esperei? É claro que ainda sentado, numa rua que já foi tua, espero num desespero de páginas em branco à espera de versos declamados em palavras agradáveis de se ouvir como se fossem um conto de fadas em que todos são felizes antes da palavra fim?
Um dia, tantas vezes depois de ter tentado, conseguirei escrever em palavras agradáveis de se ouvir o quem sou e tu me dirás no teu silêncio que já cheguei tarde.



Sanzalando

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