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12 de julho de 2012

Saída da missa

Me sento no muro das Obras Públicas e espero a missa acabar. Eu sei tu não vais sair de lá porque nunca, de nunca mesmo, te vi lá entrar. Mas como não tenho esperança de te ver hoje, a não ser que coincidência dos acasos logo nos cruzemos no teu passeio familiar de fim da tarde, eu vim aqui ver outras amigas que às vezes perdem tempo a olhar para mim e não sei quanto tempo os olhos delas aguentam se virar para o meu lado. Há que manter as portas entreabertas, penso eu no meu ar de adolescente em tempo de cacimbo.
Mas enquanto a missa não acaba eu me dou conta que tu te estás a dar bem sem mim. O teu sorriso continua o mesmo teu sorriso, aquele misto mistério, nostalgia e embriaguez. Consegues ver o teu sorriso ser sorrido assim? Um meio completo a dar para o todo? Ele te imita na perfeição e no comportamento. Não quero dizer que pelo facto de manhã cedo eu estar aqui sentado no muro das Obras Públicas a pensar no teu sorriso eu estou porque sinto a tua falta, porque mesmo que eu fosse sentir eu não te ia dizer porque não fazia sentido eu falar sem me ouvires. Nem vou explicar que doi na alma essa indiferença, essa maneira insensata e doentia de não me ver. Nem te vou mostrar o meu olhar a implorar um olhar teu.
Aqui sentado no muro das Obras Públicas, olhando o mar, o porto e esperando que a missa acabe, atabalhoado em pensamentos e nadando ao sabor da memória soletro sentimentos abarrotados dum turista da vida que não desiste do amor só porque sim.
Olha, acabou a missa, vou ver quem sai de lá e vou fazer companhia a um grupo levando todo o meu humor e brilho de fantasia nos olhos. 

Sanzalando

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