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26 de janeiro de 2021

desabafo

Hoje deixo apagar a lareira porque o sol brilhou que nem imitação barata do sol de lá de baixo. Se eu pudesse ia ver o zulmarinho e lhe ia desabafar as minhas mágoas, gargalhar os meus risos e falar as minhas palavras soletradas em letra audível. Mas eu não posso porque cumpro as leis que dizem que eu devo ficar em casa e eu fico. Assim, pensando no zulmarinho que me tem saudades, no calor imitado do sol, eu vou por mim dentro desafiando pensamentos, sabendo que o amor próprio não se constrói numa noite, que exige esforço e dedicação, tempo e paciência. Vou sendo amável e compreensivo para comigo de modo que consiga saborear aquilo que construi.
Sabendo que um dia desaparecerei e que poucos notarão a minha falta, é sabido que levarei comigo tantas palavras que não tive tempo de dizer, tantos pensamentos pensados que não viram a luz do dia. Ficará nalgumas memórias, ficará no amor eterno.


Sanzalando

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