Tenho de arranjar maneira de me aquecer sem dar cabo das árvores. Esta lareira para me deixar confortável consome que nem queimadas da minha juventude. Me lembro criança a olhar para longe e delirar a ver a noite invadida por aquelas labaredas serra a cima. Aqui sentado, longe o início do zulmarinho, num exílio voluntário e comodista, a olhar para uma lareira que arde em labaredas anarquicamente dançantes, harmoniosas chamas que às vezes parecem brincar comigo, a vaguear pensamentos como que a gastá-los tal a rapidez com que passam por mim.
Já não sei se por hábito, ou por ser vulgar vagabundar ideias feitas, acho eu gostava mais do tempo em que via a grandeza dos outros mesmo não a havendo, quando eu imaginava erros sem os cometer, em que sonhava poesia mesmo sem rima.
Eu sei que sou uma mistura de cores e palavras soltas, um solitário porém não um isolado, um sonhador onde cabem todos os sonhos e todas as pessoas que um dia tive o privilégio de conhecer ou penas me cruzar.
É, aqui na lareira dá-me para ser assim, um filósofo que mora dentro de mim a toda a hora.
Sanzalando
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