recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de janeiro de 2022

sou

Perdido por mim, no meio das minhas meditações, encontro recantos de paz e de bem estar. Já estive aqui e ali. Fui feliz acolá. Já subi tanta rua sem saber se as descia. Já caminhei por tantos caminhos, bons, maus, assim-assim e outros que não me lembro. Afinal de contas somos como somos, sentimos como sentimos e crescemos. A gente é o que sente que é. Às vezes é pedido de desculpa, outras ao contrário. Os dias não são iguais e as conversas não são assim tão banais que possam ser desconversadas. Às vezes somos chatos, outras vezes inconvenientes, mas sabemos que existimos e somos assim. 
Perdido por mim dou comigo a dizer o que me apetece. Sou assim.


Sanzalando

#lugaresincriveis


30 de janeiro de 2022

hoje parei e olhei

Hoje parei a olhar o zulmarinho. Hoje o meu caminho é parado. Admiração, meditação ou somente olhação, de olhar sem acção.
As piores feridas são mesmo as da alma. Olhando assim para o horizonte fico a matutar onde se pode pode o desinfectante na ferida da alma? Se a ferida dói onde posso eu por o gelo?
Às vezes a gente pensa que é sol. O mundo gira à nossa volta. Mas tem dias que a gente é chuva, cacimbo e não está ninguém na rua a nos olhar ou seguir.
Hoje o meu caminho é feito parado. 
Hoje não tem linhas para ficar entre-linhas.

Sanzalando

28 de janeiro de 2022

tempo

Por este caminho fora, desde o tempo que gatinhava até aos dias de hoje que me curvo sobre o tempo passado, já fiz tanta coisa boa que seria exagero me lembrar. Já tive um tempo que mendiguei amor, outro que o dia a dia era insuficiente para tanto que eu tinha para fazer. Noutro tempo tive tempos em que podia perder tempo em conversa de encher tempo e não vinha mal ao mundo. Também já tive tempo em que o primeiro tempo era outro e nunca o eu. 
Agora o tempo mudou e para além de ter tempo para o tempo ser eu, já me falta o tempo para tanta saudade do tempo que passou sem eu estar comigo.


Sanzalando

27 de janeiro de 2022

neste caminho

Nestas caminhadas pela vida concluo que tenho a idade perfeita para não querer falar do que quer que seja, de não aceitar vozes, nozes e nós entrelaçados nas pedras do caminho. Já não tenho paciência para suportar, entender ou perder a paz cerebral por coisas que não me apetecem. 
Na verdade sei que quando as palavras me saem do coração eu as sinto, compreendo e me acariciam o sorriso. O mesmo com as que me chegam ao ouvido. Quando a verdade é dita com sentimento eu as sinto dobradamente. 
Eu tenho saudade de ser jovem, brincar na rua, naquela específica rua, com aquelas pessoas. Não, não louquei nem me translouquei, simplesmente para ser hoje eu tive esse ontem. Se tive ontsens que não me agradaram? Claro que sim. Mas hoje acho os agradeço ter tido. Tive-os de coração, sentido prazer de ter vivido. 
Neste caminho longo que ainda há pouco começou eu espero não ter fim antes dele acabar.


Sanzalando

26 de janeiro de 2022

já não me lembro

Tantas vezes dou comigo no caminho a tentar lembrar-me do teu respirar. Eu lembro-me do teu cabelo voando ao vento, do teu sorriso de Mona Lisa esboçado na cara, sem eu saber se ris ou só fazes de conta. Eu lembro-me do teu modo de andar, de seres não simpática mas sem chegares ao antipática. Mas não me lembro do teu respirar. Lembro-me do teu tique de pôr o cabelo por trás da orelha quando estavas assim como que nervosa. Mas de facto não me lembro do teu respirar. Acho que também não te ouvi nunca dizeres que tiveste saudades minhas. Pode ser só mais um não me lembro. Alguma vez choraste? Também não me lembro de te ver chorar. Mas lembro-me do teu tique de pôr o cabelo por trás da orelha e do teu sorriso que não sei se o era. 
Afinal de contas para que é que eu queria me lembrar de tanta coisa que não tem nenhum interesse nos dias de hoje?

Sanzalando

25 de janeiro de 2022

pelos caminhos me embalo

Me embalo caminho fora, deixando pegadas de letras soltas e frases feitas. É a minha maneira de estar comigo, de falar comigo, de me sentir bem. Eu caminho nos carreiros das palavras numa forma despreocupada de estar no mundo real com a imaginação que transporto constantemente.
Eu sei que no mundo de hoje é frequente encontrar pessoas diferentes, quer no credo, na aparência, na opção, no julgamento ou simplesmente no estar. A facilidade de locomoção e informação torna possível a globalização, a pluralidade, a difusão de conceitos e feitos. Há que ter capacidade de estar em paz nesta diversidade sobredotando-me de tolerância e agilidade de pensamento. Todos temos direito a crer e ser respeitados, bem como a aceitar o direito à diferença.
Tolerar não é aguentar, é compreender e aceitar a diferença.
E com estas palavras fiz o meu caminho de hoje, transportei-me por ideias ao mesmo tempo que revi gente que me faz ser tolerante bem como gente que não aguento de todo.

Sanzalando

24 de janeiro de 2022

caminhar taciturno

Tem dias que o meu caminhar parece um caminhar triste. Mas tal não é devido ao murchar de algum amor, ao desalento dum suspiro, ao vazio duma solidão. Pode ser só pela recordação dum sonho não sonhado, dum desejo não concretizado, dum abraço não dado ou duma palavra calada. 
Às vezes foi uma canção triste, uma melodia indolente, uma voz amarga, quem despoletou esse caminhar. Embalado assim caminho tristemente como que inoculado por essa tristeza alheia.
Outras vezes porque me sinto barco num mar revolto, lastimando esse navegar enjoado, esse medo de me afundar nas lágrimas salgadas desse mar tantas vezes chorado.

Sanzalando

#momentos


#lugaresincriveis


#momentos


23 de janeiro de 2022

domingo do nada

Aqui vou eu num domingo de não fazer. É o que me apetece: fazer nada!
Sentado num banco dum qualquer caramanchão, tarde de Janeiro ensolarado. Frio aqui, calor lá. Em frente da Minhota ou noutro lugar qualquer, já que passei a ser um ser sem lugar definido, para além do parido, vou fazendo o que me apetece: nada!
Pena mesmo é que a realidade não chega nem perto da imaginação, senão eu ia levar este estado de estar a um nada quase profundo, que alguém ia poder dizer que estive quase lá sem sair daqui. 
Eu devia ter frases como a lua tem fases, crescente, minguante, cheia e nova. Assim, num domingo como este eu ia as usar numa rotina banal e ninguém ia levar a mal. Mas hoje faço NADA!


Sanzalando

22 de janeiro de 2022

#comida


quando vou por aí

Vou só por aí, num caminhar constante como quem busca uma certeza, uma direcção. Sou um caminhante de palavras, pouco me importa se secas ou versejadas, duras ou amolecidas pela não intenção de desmoronar fortalezas. 
Quando a minha mente me tenta desmoronar eu grito mesmo que ninguém me ouça. Grito e corro na tentativa que as batidas do meu coração e o arfar da respiração cansada abafem essas palavras marteladas que eu não quero ouvir.
Quando me desespero no grito de medo, em que o coração parece ser maior que o involucro, eu desconfortado, paro e respiro silêncios até que a normalidade regresse e eu possa caminhar sereno no caminho do desejo.
Quando o caminhar se torna doloroso, quando os filmes negros se me escurecem o cérebro, me toldam a capacidade de raciocinar, apago as luzes das trevas com pensamentos de mar, com sons sonhados do marulhar.
Regressada a passada firme e serena, caminho por palavras adocicadas pelo coração calmo e tranquilo, fazendo passeios de fim de tarde.


Sanzalando

#comida


#lugaresincriveis


#zulmarinho


#lugaresincriveis


21 de janeiro de 2022

seis meses de netas

Quantas vezes soube-me a desejo? Quantas vezes quis ter o que é que quer que seja? Perguntas retóricas para as quais nem quero ou tento responder. Faço só porque o inesperado tem tantas vezes o significado do mais esperado, desejado ou querido. 
Quantas vezes desejei ser o foco? Depois os filhos, depois isto e mais aquilo. Mas num ápice são os netos. Agora tenho a certeza que este inesperado era o mais desejado, o mais querido. Um presente com tanto sabor a futuro. 
Olhando-vos eu recordo-me do futuro, esse infinito nome perpetuado na memória duma vida.

Sanzalando

20 de janeiro de 2022

ausento-me de mim

Às vezes preciso estar longe de mim para sentir saudades minhas. Não posso estar sempre a ver-me no espelho das palavras e a sentir-me no caminho que tracei. Assim como poderei ver se há algo errado ou menos certo? Tenho de ir e depois olhar para trás e ver-me. Preciso sentir saudades minhas. Vou ausentar-me de mim por uns instantes que não sei quanto durarão. É mais ou menos como que viajar para fora de mim e ir ver outros mundos que não o meu, sentir outros amores que não o meu. Será que eu consigo fazer isso? Com tanto que fiz acho isso é feito com uma perna às costas. Não, é melhor fazer com as duas no chão e não cair em facilitismos e armar-me em bom que a minha idade já não é essa. 
Ausentar-me-ei por instantes e logo verei como fui depois. 

Sanzalando

19 de janeiro de 2022

saudade

É inverno e faz sol no lado de cá do meu mundo. Do lado de lá eu sei me faz muita saudade. Mas saudade não mata embora eu morra de saudade. Saudade não é doença embora ela doa no meu coração e me atormenta nos meus sonhos. Saudade é assim mais uma complicação, um nó, um aperto, uma dúvida, uma inexplicável onda de estar. Foi assim que aprendi que é preciso lidar com tanta coisa incluindo a saudade. Ela não nos pode destruir. Ela nos fere, mas não mata, embora eu morra de saudade. 
Eu sei que quando subia a minha rua, era eu criança, ela era íngreme que até doía as pernas de chegar lá em cima. Agora ela parece até planou. Eu sei que eu cresci, me tornei mais alto e a vejo doutro ângulo. É como a saudade, tem outro ângulo para eu lhe ver, sentir e embalar no meu peito.
Eu tenho saudade antiga, tenho saudade recente e tenho também saudade do meio. Faz parte de mim. é bom sinal.


Sanzalando

#lua


18 de janeiro de 2022

tem dias

Tem dias que o caminho se faz mais lento porém não mais calmo. Tem dias o caminho é sinuoso, outros é recto, outros aos altos e baixos e outros é plano. Tem dias para todos os desgostos. Tem dias que até os sorrisos fazem arrepiar a alma e outros em que alma até nem está por ali. Tem dias que custa superar o caminho e outros há em que o caminho até parece não existe. Tem dias que apetece dizer-lhe adeus e tem dias a gente até nem tem vontade de o tirar do calendário.
Tem tanta coisa que não tem é igual.
Tem dias que o olhar suave vê até para lá do amanhã e tem manhãs que nem se vê o dia. Tem dias que esconder as falhas é falhar ainda mais e outros em que falhas e nem dás conta. 
Tem dias...



Sanzalando

16 de janeiro de 2022

#comida


caminhadas

Nas minhas caminhadas, pelas palavras que disse, pelas dores que senti e pelo sangue que não derramei, acho que já fui ferido de morte e não morri. A minha ferida é maior que a tua. A minha dor é maior que a tua. Ai, se eu te contasse... Demoro cinco minutos a definir-te, a caracterizar-te, o que ainda não consegui fazer em mim desde que nasci até aos dias de hoje. Deve ser desta ferida mortal que eu não vejo, que eu não sei, mas tenho: vida.
Nas minhas caminhadas, pelas palavras e ideias, não encontrei rimas que pudesse interpretar num poema que não fosse um plágio de mim. Acho que já caminhei por todas as minhas palavras de passado e quase presente


Sanzalando

14 de janeiro de 2022

o meu epitáfio

Continuei a percorrer caminhos através das minhas palavras, atrás dos meus sonhos, ao lado dos meus desejos. Fui vagabundo, palestrante ou assistente nos muitos caminhos onde me perdi, onde me encontrei ou onde nem me lembro se estive. Já escrevi o meu prefácio e ainda falta o epitáfio que um dia apresentarei na minha lápide sepulcral. No meio, terei escrito a minha vida, ficcional ou real, porém a minha dos anos gastos. sorrisos sorridos, lágrimas choradas. 
Não o posso escrever sabendo que ainda me falta cumprir alguns caminhos, gastar palavras e doar amores, perfeitos e imperfeitos. 
Ele escreva quem depois vier.

Sanzalando

13 de janeiro de 2022

Sou um prefácio de mim

Talvez eu seja um prefácio dum livro que nunca escrevi. Já fui tantas coisas e, dependendo das circunstância, sou nada. Do tanto que fui, sinto-me nenhum deles. Sei que sou um sonhador, mais do que um ser pensante, voluntarioso mais do que real. Perco-me nas palavras como quem caminha por lugares desconhecidos. Sou rua deserta carregada de recordações, avenida engarrafada sem carros nem peões. Tantas vezes vendo-me os olhos para não olhar feridas antigas e cicatrizes mentais. 
Quantas vezes me dei de caras com o vazio emocional e chorei porque sem alma me senti?
Não me enjaulo nas minhas prisões, nem em estados de alma ou antecipações. Não me entrego aos meus medos ou receios, não me escondo em segredos ou me sento em passeios como que atirando a toalha ao chão. Sou um inventário não catalogado, carregado de vitórias, derrotas e tantas memórias.
Sou um prefácio de mim.


Sanzalando

12 de janeiro de 2022

tempo

Me deixo levar pelo marulhar, numa marcha lenta e meditabunda, como quem tem tempo para gastar numa vagarosa vida pela frente. Afinal de contas já perdi o controlo do tempo e não sei quando irei estar no tempo do fundo da minha existência, àquele que eu não saberei quem sou, nem o que faço, quem fui ou onde estou. Desse tempo eu imagino que não há força para sair. 
Agora vou escalando o tempo, exigindo de mim aquilo que eu sei sou capaz. Naquela outra escuridão do tempo, bem lá no meu fundo, porque eu continuarei a ter o corpo presente em pensamento ausente, jamais saberei se estarei confortável ou não. Possivelmente nada me afetará, pouca importância terá o meu redor, pouco colorida está a minha visão. É desse tempo que eu tenho medo, mesmo imaginando que nele não darei importância ao todo ou aos pedaços de mim.


Sanzalando

11 de janeiro de 2022

imagina

Imagina só eu estar a caminhar e tropeçar nas minhas palavras. Imagina as frases fazerem uma bassula e me estatelar no chão feito queda estatelada.  Isto pode acontecer porque eu vou por aí, às vezes cabeça no ar, absorvido nos meus pensamentos, nas minha lógicas por vezes sem nexo, na minhas frases perfeitas e despensadas porque soltas, e sem querer me estatelo parece um corpo sem esqueleto. Ou posso tropeçar e cair num amor antigo e esquecido, num canto da minha existência inexistente, ficar para lá inanimado e esquecido.
Após tanta imaginação é melhor eu me redimensionar ao quadrado da minha existência por mais redonda que possa ser, permanecer onde imagino faça falta e esquecer tantos sonhos e desejos, tantas coisas por fazer e esquecer as palavras que me possam fazer cair nas pontas soltas dum qualquer pensamento menos consentâneo com o meu muito querer. 


Sanzalando

10 de janeiro de 2022

#lugaresincriveis


delírio

Me deixa ver o mar e caminhar por filmes imaginados na minha cabeça. Vivo o filme que imaginei, o enredo que idealizei e me abstraio da realidade que me leva pela idade fora. No meu filme eu não envelheço, não tenho dores, não tenho o que não quero ter, o que não gostaria de ter ou viver. Vivo cada vez mais o meu filme, o que não quer dizer que me esconda da realidade, fuja dela ou esteja zangado com ela. É mesmo só uma forma de ir por aí numa viagem sem tempo nem barreiras de qualquer espécie.
É engraçado como o tempo voa quando vemos um filme que gostamos.



Sanzalando

#momentos


#lugaresincriveis


9 de janeiro de 2022

sonhar acordado

Quantas voltas já dei na cama a sonhar acordado? Esqueci de contar, porém não é irrelevante. Sonhar, desejar e querer é saudável e revigorante. Pena que a gente não dê valor a essa contabilidade.
Quantas vezes, de olhos abertos, cabeça cómoda sobre o travesseiro eu fui para lá do horizonte? Quantas vezes na solidão eu consegui ouvir a tua voz? Quantas vezes esses sonhos se tornaram pesadelo porque entretanto adormeci e me esqueci deles?
Quantas dores não me passaram só porque eu desliguei-me e fui por aí, com a cabeça descontraída sobre o travesseiro?
Quantos humores fui mudando só porque me deixei levar pelo desejo de sonhar acordado?
Pena mesmo não ter contado e escrevia aqui um número exacto que nem fórmula matemática.



Sanzalando

#lugaresincriveis


8 de janeiro de 2022

por aí

Vou só por aí, faz de conta não tenho mais nada para fazer. Caminho os meus caminhos de pensamento como se me ocupasse a tempo inteiro. O meu trabalho é caminhar pensamentos. Doutra forma, é tricotar ideias, é costurar factos em fatos de pronto a usar.
Nestes caminhos, que tantas vezes me levam a lugares comuns, eu sei que a gente cresce à custa dos golpes duros que a vida nos prega. Mas eu lhes acrescento um crescimento maior com os toques suaves das carícias da vida.
Nestes caminhos mentais eu posso deixar alguma porta entreaberta mas não lhe deixo entrar a ansiedade nem permito que a corrente do medo me vente as costas.
Nestes caminhos eu me perco para mais tarde me encontrar.



Sanzalando

#zulmarinho


#lugaresincriveis


7 de janeiro de 2022

dá jeito

É a ver o mar que entardeço neste dia friorento. Sopra brisa que mal se nota. Meu corpo vestido me protege dum gelo que vem desde a serra até se espraiar aqui nesse mar. Eu sei ele lá mais para baixo se vai aquecer e virar verão. Mas aqui ele está ligado no modo é frio. Neste entardecer deixo a cabeça passear por pensamentos, sonhos, ideias ou desejos. Ela vai por aí e eu a liberto. Assim me aqueço e não preciso de outro modo para ser feliz. Na verdade precisar implica uma necessidade. Eu não preciso, eu não tenho necessidade desse calor para ser feliz. Mas me dá jeito.


Sanzalando

6 de janeiro de 2022

entrando em 2022

Me sento a olhar o mar que revoltadamente se atira contra a praia deserta deste dia de inverno fresco por aqui. 
Me abrigo dos medos e receios passados, encarando os sonhos e as ilusões futuras com emoção. Me resguardo dos gritos e suspiros usados, pedindo desculpas a mim mesmo por manter a esperança, por continuar a ver o mundo com os meus olhos desde o tempo que era criança. 
Me defendo dos sonhos realizados, quase adormecendo neste resguardo de quem vê o mar em dia de inverno. Me protejo dos sonos alheios com um sorriso saudável e, quem sabe até, ingénuo e transparente.
Neste canto solitário, em que o silêncio é retocado pelo marulhar, me embalo em próximos futuros com a satisfação de sonhar.



Sanzalando