A minha vontade de responder a perguntas faz com que eu as invente. É um exercício mental, é fazer com que o cérebro não pare e o coração continue ritmado a dar-me força. A primeira mais importante pergunta que me fiz foi perguntar-me o que eu queria ser quando fosse grande. Quando se é criança esta pergunta parece boba, tipo que pode uma criança decidir para seu futuro. Mas toda a criançada tem uma resposta. Uns querem ser polícias, bombeiros e tantas coisas mais. Uma impossíveis, por não serem profissões, outras inverosímeis porque impossível lá chegar assim nuca fase tão madrugada da vida. Mas agora sabe bem recordar-me desse tempo.
Depois vem a adolescência e a sua conturbada fase. São tantas as descobertas que as perguntas importantes muitas vezes ou não são feitas ou ficam-se pela metade. A liberdade que se tem faz com que o tempo parece interminável pelo que perder tempo a perguntar é isso mesmo, perca de tempo. Não é o fim do mundo não perguntar. Pior é não ter respostas.
Já o jovem adulto tem de escolher. Sobressaem as perguntas do tempo de criança e as transformações feitas na adolescência.
Depois é a vida e vivida tal e qual ela é. Sem peças sobressalentes, sem trocas e sem repetições. Cada dia é único e nessa unicidade cada dia é diferente, uns de lágrimas e outras de galhofas. Mas as fases anteriores estão lá. A fase de viver na lua, a fase de viver na imaginação e a fase de saber tudo. Tudo está na vida.
Bem, mais muito depois, na hora do balanço, passada a fase mágica, passada a fase criativa, passado o tempo que foi, olhando para trás vejo que sou hoje o que fui. Hoje não tenho que prestar provas, mostrar valor acrescentado, fazer trabalhos, sustentar e educar, ouvir e calar ou calar para ripostar. O coração já não acelera nas arritmias do olhar, o orgulho já não sobe quando se atinge o cimo da montanha. O sorriso já não disfarça e as lágrimas não se escondem. Ouço a música que me apetece. Vejo o caminho que me apetece e sigo o que quero.
O cheiro a terra molhada é saudade, boa, lembrativa, sorrida e tão bem vivida.
Caminhar na areia do deserto ou ver os verdes campos, é sonho, é lembrança da esperança tida, é concretização do tempo.
Ver os álbuns de fotografias é ver tantas respostas a perguntas que não foram pensadas.
Olha como a maria agora está e como era linda. A maria podia ser o manuel, um joaquim ou uma rita. Ouço a música no rádio, porque por acaso ainda o há. Tanta coisa já desapareceu e passou de moda numa evolução que nem um TGV da vida acompanhou.
E se eu tivesse levado à letra a minha resposta à mais importante primeira pergunta que me fiz?
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