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22 de janeiro de 2024

meus retalhos 11

Era de tarde, se calhar ao fim da tarde, antes de ouvir a noite cair, quando sou chamado para dar um parecer a um coma em consequência de um acidente de viação. Não sei se já tinham inventado a tomografia axial computorizada. Simplesmente nós não tínhamos. Entro na ultra idosa e pequena sala de emergência e quase ia caindo para o lado. O cheiro a vinho era por demais. Somei mentalmente que havia um como alcoólico associado a um traumatismo craneano. Era elementar, se eu tivesse ali um detetive com quem discutir o caso. 
Erro primário e de aprendiz de coisa alguma. Valorizei um facto que se me apresentou como exuberante. 
- Dr. na carrinha dele há para ai uns cinco garrafões partidos e de bebida branca. Tivemos que o despir lá porque não aguentávamos. 
Roda o cérebro em tantos graus, desculpas mentais. Exames de diagnóstico pedidos e feitos. Nada parecia estar fora do normal. Mas a verdade é que ele respondia pouco a estímulos quando entrou, mas progressivamente foi recuperando até chegar ao que eu diria normal.
Era um produtor de aguardente que ia levar a sua produção quando embateu contra outro num cruzamento. Eu tinha sido vítima do meu preconceito nasal. 
Falado com neurocirurgião da capital e foi-nos pedido que o mantivéssemos em observação 48 horas, findas quais teve alta com um tal prejuízo que nem sei contabilizar. 


Sanzalando

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