A criança chorava que até parecia estar a assistir ao fim do mundo. Acho eu que ela pensava isso se é que criança de dois anos sabe o que é isso de fim do mundo. A mãe chorava em silêncio mas deixava ver as lágrimas a escorrer lentamente pela face. Assumia naquele silêncio a culpa do fim do mundo da criança.
-Vamos lá saber o que se passa aqui. Eu também quero chorar. Contem-me lá o que é que se passa aqui.
... silêncio da mãe, berros da criança. Olhei para toda a equipe que ali estava pronta para salvar o mundo, ou pelo menos a criança. Todos franziram a cara sem saber o que me responder.
- Sabe, Dr., acho que o Pedro Nuno meteu uma coisa qualquer no nariz. Em casa tentei ver mas cada vez que lhe tocava ele gritava e desde então tem estado assim. disse-me a mãe com a voz mais culpada deste mundo.
- Vamos lá espreitar. Quem segura o Sr. Pedro Nuno? não estava a ser sarcástico, mas criança com medo tem mais força que leão com fome.
Primeira tentativa falhada. Segunda idem. Vamos levar o miúdo ao bloco para através de sedação eu ter condições para ver.
- Preparem-ma, disse eu para a equipe que me rodeava.
Lá fomos em cortejo para o bloco, com a mãe parecia que rezava em lágrimas ou vice versa.
Com uma pequena dose anestésica a anestesista criou condições para eu conseguir ver um pequeno objecto vermelho encravado no corneto.
- Quero uma pinça fina e um tubo de soro esterilizado para pôr nas pontas da pinça.
Equipe perfeita equipamento dado e remoção do corpo estranho. Gesto simples e eficaz. Pequena peça vermelha do LEGO de um som pin.
No momento da alta, do alto da minha calma e sorrindo perguntei:
- Pedro Nuno porque puseste o lego no nariz?
- Cabeu.
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