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25 de maio de 2006

Fácil?


Caminho assim ao deus dará. Darei uma volta e mais outras e às voltas andarei. Sigo o rumo de mim na incapacidade de fugir de mim. O zulmarinho me presenteia com a sua maresia e a sua música marulhada num espraiar de assimetrias e ritmos anacrónicos, seja lá o que isso quer dizer. Caminho e cada passo que dou é uma forma de pensar, de estar e de ser. Ser na dúvida e ter uma certeza que desconsegue ser coerente num segundo sentido de voltar ao princípio dum início. É difícil fazer alguém feliz. Assim como bué fácil fazer triste. É difícil dizer que eu lhe amo. Assim como é fácil não dizer nada, cerrar os lábios num silêncio gritado para dentro. É difícil dar valor a um amor. Assim como é fácil perdê-lo para sempre num piscar de olhos. É difícil agradecer por hoje, ontem e por amanhã. Assim como é fácil viver mais um dia que foi igual a tantos outros. É difícil convencer-me de que sou feliz, Assim como é fácil achar que sempre falta alguma coisa que não tenho. É difícil fazer alguém sorrir. Assim como é fácil fazer chorar lágrimas salgadas tal e qual as gotas que salpicam deste zulmarinho. É difícil pôr-me no lugar de alguém. Assim como é fácil olhar para o próprio umbigo e ver que tudo é nem mais nem menos que eu. Se se erra, peço desculpas. É assim tão difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?! Se alguém errou, perdoa-o... É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?! Se sinto alguma coisa eu digo... É difícil se abrir e se mostrar como se é? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar e saiba ouvir?! Se alguém reclama de mim, eu ouço... É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir-me?! -Se alguém te ama, ame-o... É difícil se entregar assim numa dádiva sem trocas? Mas quem disse que é fácil ser feliz?! Nem tudo é fácil na vida... Mas, com certeza, nada é impossível... Precisamos acreditar, ter fé na vida, lutar para que não apenas sonhemos. Mas tornemos todos nossos sonhos realidade mesmo que o caminho seja pregado de espinhos e andes ali descalço!Acho mesmo que o beber as birras estupidamente geladas e fundamentalmente loiras, debaixo deste sol que me ensombra a areia em cada passada me anda a amolecer os parcos neurónios que me levam a contar-te a estória da minha vida em folhetim de trazer por casa.
Sanzalando Angola

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