Andas triste?
Olho em volta e não está ninguém que nem pertinho de mim para me sussurrar está questão. Parece que é a brisa que sopra que me faz esta pergunta. Mas num automático que parece mais um reflexo respondi logo que não. Como ninguém fez a pergunta também ninguém ouviu a resposta e assim não passei por doido que fala sozinho.
Mas porque então gostas de caminhar na beira-mar desse zulmarinho que te trás a alegria de saber que do outro lado da linha recta que é curva está o chão que te viu cair de ti mesmo pela primeira vez e ao mesmo tempo te provoca a tristeza de teres esse sal todo a te separar dele? Me pareceu ouvir a mesma voz a me fazer esta pergunta mais longa que comboio carregado de ferro a subir a serra. Estava já que nem mais que prevenido pelo que não respondi logo.
Coloquei a minha cara de pensador e meti-me ao trabalho de pensar na pergunta. Gosto mesmo muito de andar para aqui e para ali ao lado desse azul salgado que me trás o perfume da terra molhada, porque na minha imaginação está a acabar de chover do lado de lá!
Tem gostos que a gente nem consegue de explicar e como é que eu vou explicar este gosto de me contar estórias ao longo desse zulmarinho?
E, ao ritmo dos meus passos curtos não cansativos, fui rabiscando na sebenta do pensamento as respostas que iam e vinham numa ordem de quem não tem ordem de grandeza.
Porque quebra a rotina, porque traz novidades à retina, porque me faz ver a vida de outra forma, me estimula a dar valor ao simples, ao complexo, ao igual, ao diferente.
Porque me apresenta novos parâmetros, novos ângulos, novas paisagens, me anima a pensar, agir e viver de forma diferente do meu quotidiano. Já viste que as ondas que se vão espraiar na areia nunca são iguais umas às outras? Já imaginaste a área livre que tens à tua frente quando te pões a olhar assim num perder de vista desse zulamrinho?
Porque conheço novas pessoas que mesmo que não fale com elas e de tanto nos cruzarmos nos silêncios que até parece que nos conhecemos de lugares comuns.
Porque parece que o marulhar me faz ouvir estórias, lendas e casos, tal é o silêncio em si mesmo embrulhado que me rodeia.
Porque parece que estou mais disposto a comprar lembranças, a tirar milhões de fotos de cada pequeno detalhe, mesmo que a máquina seja mesmo só os olhos que olham as areias de mil cores os as imagens que invento na película cerebolosa que está na caixa craniana
Porque toda música é mais suave e toda vida, por mais sofrida, parece que tem mais valor uma vez que me sinto um micróbio neste espaço de vão que não tem escada terminável, mesmo que caracoleie nas alturas não visíveis a olhos desnudados.
Porque a saudade custa a apartar num corpo só e o espaço para a estacionar aqui não tem nem um cadinho de falta.
Porque viver tudo a mil como se soubesse que em 24h por cada dia o mundo nunca me providenciará o tempo necessário para ir ver a vida que explode em cada pedaço de terra, em cada pedaço de céu, em cada pedaço da gente.
Porque aqui estou eu numa conversa comigo e num ápice sei onde me posso encontrar mesmo que esteja cosmonautando por éteres perdido de confusão e barulhos de civilização. Aqui sou primário no estar comigo.
Sanzalando em AngolaOlho em volta e não está ninguém que nem pertinho de mim para me sussurrar está questão. Parece que é a brisa que sopra que me faz esta pergunta. Mas num automático que parece mais um reflexo respondi logo que não. Como ninguém fez a pergunta também ninguém ouviu a resposta e assim não passei por doido que fala sozinho.
Mas porque então gostas de caminhar na beira-mar desse zulmarinho que te trás a alegria de saber que do outro lado da linha recta que é curva está o chão que te viu cair de ti mesmo pela primeira vez e ao mesmo tempo te provoca a tristeza de teres esse sal todo a te separar dele? Me pareceu ouvir a mesma voz a me fazer esta pergunta mais longa que comboio carregado de ferro a subir a serra. Estava já que nem mais que prevenido pelo que não respondi logo.
Coloquei a minha cara de pensador e meti-me ao trabalho de pensar na pergunta. Gosto mesmo muito de andar para aqui e para ali ao lado desse azul salgado que me trás o perfume da terra molhada, porque na minha imaginação está a acabar de chover do lado de lá!
Tem gostos que a gente nem consegue de explicar e como é que eu vou explicar este gosto de me contar estórias ao longo desse zulmarinho?
E, ao ritmo dos meus passos curtos não cansativos, fui rabiscando na sebenta do pensamento as respostas que iam e vinham numa ordem de quem não tem ordem de grandeza.
Porque quebra a rotina, porque traz novidades à retina, porque me faz ver a vida de outra forma, me estimula a dar valor ao simples, ao complexo, ao igual, ao diferente.
Porque me apresenta novos parâmetros, novos ângulos, novas paisagens, me anima a pensar, agir e viver de forma diferente do meu quotidiano. Já viste que as ondas que se vão espraiar na areia nunca são iguais umas às outras? Já imaginaste a área livre que tens à tua frente quando te pões a olhar assim num perder de vista desse zulamrinho?
Porque conheço novas pessoas que mesmo que não fale com elas e de tanto nos cruzarmos nos silêncios que até parece que nos conhecemos de lugares comuns.
Porque parece que o marulhar me faz ouvir estórias, lendas e casos, tal é o silêncio em si mesmo embrulhado que me rodeia.
Porque parece que estou mais disposto a comprar lembranças, a tirar milhões de fotos de cada pequeno detalhe, mesmo que a máquina seja mesmo só os olhos que olham as areias de mil cores os as imagens que invento na película cerebolosa que está na caixa craniana
Porque toda música é mais suave e toda vida, por mais sofrida, parece que tem mais valor uma vez que me sinto um micróbio neste espaço de vão que não tem escada terminável, mesmo que caracoleie nas alturas não visíveis a olhos desnudados.
Porque a saudade custa a apartar num corpo só e o espaço para a estacionar aqui não tem nem um cadinho de falta.
Porque viver tudo a mil como se soubesse que em 24h por cada dia o mundo nunca me providenciará o tempo necessário para ir ver a vida que explode em cada pedaço de terra, em cada pedaço de céu, em cada pedaço da gente.
Porque aqui estou eu numa conversa comigo e num ápice sei onde me posso encontrar mesmo que esteja cosmonautando por éteres perdido de confusão e barulhos de civilização. Aqui sou primário no estar comigo.
Carlos Carranca e Amigos
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