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9 de maio de 2006

Re-sonhar é preciso


Ainda do lado de cá da linha imaginária que faz criar ilusões e encantos, olhando para a linha recta que é curva, agachado para parecer que ela está mais perto, bebendo umas e outras na velocidade com que vou contando as estórias, que por eu as contar são verdadeiras, te ponho a recitar aqu o que te contei faz hoje um ano:
Como é que é, mermão? Pagas umas quantas ou tenho de ficar a dever? Bem sabes,
mermão, que estar a qui a falar contigo, levar-te até ao outro lado da linha
recta que é curva, tem os seus gastos, mesmo que te leve apenas no sonho e te
faça criar um bichinho assim como que solitária que te vai levando a pensar,
pensar e um dias quando quem não está à espera tu estás lá a fazer o equilíbrio
bem em cima da linha recta que é curva a cheirar o início do zulmarinho que aqui
apenas trás o perfume que começa lá. Sabes, avilo, que parece que nasci para
fazer sonhar. Eram elas que sonhavam por mim. Péra, não descompenses. Eu queria
dizer outra coisa. Eu passo o tempo a sonhar com elas. As loiras lindas e
geladerrimas.
para alguns/umas é um dejá vu, para outros é um conto de engantar uma imaginação cansada.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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