recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de dezembro de 2020

2021

Boto lenha na lareira e deixo os meus olhos decifrarem a dança das chamas. Assim, perdida e distraidamente a minha mente vai-se vagabundar por aí. Acaba um ano e hora de fazer alguma coisa. Viver, por exemplo. Que se lixe o ciúme, egoísmo, sacanagens, safadezas, falhas, erros, abraços, beijos, pregações, difamações, bajulações, sexo, amor, dor, raiva, perdão e outras coisas mais que nem me lembro agora. Viver entre mim e o eu. Assim será, assim farei. 
Viva 2021


Sanzalando

30 de dezembro de 2020

este e outros todos, anos

Aqui no quentinho da lareira vou espairecendo ideia e estendo soluções. A ordem é arbitrária como é arbitrária o forma de pensar. Não me deixo arrefecer porque está longe de mim congelar sonhos ou finalizar projectos não concretizados. Uma coisa é certa, não me tento desmoronar pelo que não poderá isso ser uma forma habitual de viver. Durmo para descansar e eventualmente sonhar mesmo que esta última me possa trazer pesadelos. É, aqui no quentinho da minha sala, sonhando acordado com o marulhar do zulmarinho vou construindo edifícios mentais que suportem os meus sonhos e desejos. É aqui, agora, que construo o meu leque de soluções e num deles encontro os abraços e a força que eles têm para solucionar muitos problemas. Um abraço é uma coisa maravilhosa e não tem de ser necessariamente físico. 
Aqui no meu canto, junto á lareira, divagando pelo calor mental da minha alma, vou abraçando cada dia passado, este ano e outros todos.


Sanzalando

#lugaresincriveis


#lugaresincriveis


#lugaresincriveis


29 de dezembro de 2020

#mangueira


eu e a eternidade

Enrolado na matinha, hipnotizado pelo dançar ondulante da chama da lareira me deixo levar nas ondas pensantes: eu sou aquilo que ninguém vê, aquilo que está no meu passado, aquilo que que eu sinto. Sou uma colecção de histórias, memórias, dores e pecados, tragédias e vitórias, glórias e sentimentos. Eu sou um ilimitado ser enquanto existir, uma transparência neste mundo aberto enquanto a minha eternidade durar. Eu sou o aglomerado de pessoas que me fez chegar até aqui. Portanto eui sou as estações do meu ano, ano esse que não sei quando vai mudar.


Sanzalando

28 de dezembro de 2020

ansiedade por menos futuro

Aproveitando o calor da lareira deixo-me navegar por mares ainda não sonhados. Usando a ciência como é que eu posso explicar aquele nervoso miudinho que antecede os grandes acontecimentos? Eles só vão acontecer no futuro como é que eu neste passado consigo ficar assim ansioso? Quando eu olho o mar isso não me acontece. Será que é da lareira e da dança das labaredas? Se desconheço o futuro porque estou sofrendo por antecipação? Acho os miúdos da minha rua não têm destas coisas. Acho isso é só coisa da minha tola. Acho é da chuva que teima em cair no frio de inverno. Não quero dizer que a mente e o coração estão a sofrer. Eles apenas estão com um ligeiro toque de falta de paz porque carrego comigo uma tonelada de empolgação, de desejo ardente de ver um sorrisos e movimentos como se dança fossem. Afinal de contas o grande acontecimento é só eu saber que amanhã estarei acordado. É, cada vez tenho menos futuro.


Sanzalando

Segredo

Sanzalando

#lugaresincriveis


26 de dezembro de 2020

#lugaresincriveis


o que digo

Aqui me deixo aquecer à lareira, corpo inerte e cabeça ao deus dará. 

Digo amar a flores, mas as deixo morrer numa jarra, digo gostar das estrelas, mas não as olho nas noites frias, digo adorar a praia, mas não a limpo quando calha a visitar, digo amar a vida, mas tem dias que não a vivo.

 Gosto da liberdade, mas prendo o meu corpo ao sofá e apenas vagueio ideias e memórias, pensamentos e sonhos. Gosto da natureza, mas não me dou ao trabalho de a cuidar. Gosto das pessoas, mas acabo cultivando preconceitos. 

Digo amar tanta coisa, mas não mostro amar nada.

 

 

Sanzalando

24 de dezembro de 2020

Natal de 2020

Não pensei se este é lugar indicado ou a forma mais correcta de o fazer. Faço-o de livre e espontânea vontade, porque já não se usa o postal dos CTT nem o telegrama. 
Seguramente este ano terá corrido bem, menos bem e mal; terá havido guerras, guerrinhas ou falas mais pesadas; terão julgado, sentenciado ou penalizado o que quer que seja. 
De certo houve noites mal dormidas, ansiedades e medos. Alguém ter-se-á sentido tóxico e  alguém, o mesmo alguém do anterior ou outros, pouco importa, sentir-se-ão os mais felizes do mundo.
A verdade é que chegou o Natal e termina o 2020 tal como ele foi, um ano atípico em múltiplas vertentes.
Todos somos sobreviventes nesta vida que é feita de mil coisas instantâneas em que apenas o futuro é desconhecido.
Depois destas palavras todas quero a todos os colegas desejar um Natal feliz e um ano novo carregado de coisas boas, ao sabor de cada um.

João Carlos Carranca, um blogger à mão

Sanzalando

Boas festas


#lugaresincriveis


#lugaresincriveis


#caminhos #zulmarinho O caminho para o meu sul


23 de dezembro de 2020

#imbondeiro #mangueira Árvore 🌲 total


à lareira

E vou pondo lenha na lareira de modo a que não me arrefeça neste inverno. O processo meditativo, contemplativo ou idiótico é arrefeciente e pode levar-me ao congelamento mental. Aqui vou eu no meu começo de ser futuro. Todos os dias aprendo e continuarei a aprender até que consiga. Não me importa o quanto uma situação possa ser complicada ou difícil porque sei que vamos-nos sempre adaptando. O ser humano é assim, por mais protestos que faça, por mais lágrimas que chore, por mais gargalhadas que dê. Só não quero que o meu forte seja a parte errada de mim e quero ser sempre superior aquilo que me possa fazer fraco.
Fico a olhar para a dança das chamas e navego sobre mim como se fosse um mar chão de coisas belas para recordar.

Sanzalando

22 de dezembro de 2020

invernamente me começo

Sopra um vento frio que vem lá do norte. Gelado diria eu. No meu sul deve estar um calor de fazer febre num saudável, penso para mim. Com este frio, arranjado um canto onde uma lareira me aquece, medito. Outros dirão que deliro. Outros entredentes dirão que louquei-me. Mas para mim eu prefiro o medito. É porque reflito sobre o que me aconteceu e prevejo o que me acontecerá. Sem vergonhas, medos ou truques de faz de conta. Real, verdadeiro porque é para mim que o faço. 
Podia trazer tanto sofrimento no peito, na alma e nas entranhas, que ficaria assim como que afogado, inundado que até as palavras pensadas sairiam encharcadas. Mas na verdade não trago. Se calhar é pela minha forma imatura de estar e de ser. Se calhar é da minha despistada forma de pensar. Se calhar é só uma forma peculiar de viver. 
Sou feliz. Já fui feliz e acho continuarei a sê-lo. Todas as feridas sararam mesmo que tenham deixado uma ou outra cicatriz. Mas sararam. Não sou super-herói, nem cowboy dos filmes da minha infância, chorei, limpei lágrimas e segui em frente. Hoje sigo em frente porque o ontem já passou. E com esse passar de ontens nasci faz tanto tempo que já não terei tanto futuro como tive de passado. 
Me começo num lugar onde estiver, com o tempo que estiver e com a vontade que tiver. Sou assim, arrumadamente louco por viver.


Sanzalando

#lugaresincriveis


21 de dezembro de 2020

Eu e o natal 2020

E quando o ano inicia e o natal passou a gente faz programas a pensar no próximo natal. Agora chegados ao natal a gente faz mais mil perguntas sem responder aos programas pensados no antigamente do ano. O que é que eu vou vestir? Com quem é que vou passar o natal? Que é que eu vou comer no natal? 
Mas eu fiz tudo o que pensei antes? Já não me lembro porque o natal chegou depressa demais. 
Tem gente que vai comer? Tem gente que tem o que vestir? Tem gente brigada que nem falar vai e tem gente que vai ouvir esse silêncio? 
Nos outros natais eu revia a família próxima e a que estava afastada e os amigos festejáva-los com postais de selo dos correios e ou telegrama. Depois veio a era moderna e foi por e-mail, por mensagem, por tanta app que já nem sei mesmo como poderia responder sem repetir ou falhar.
Neste natal, porque tudo vai ser diferente, porque tudo é diferente, porque eu estou diferente, eu vou pensar nas pessoas tristes, vou olhar nas crianças de rua desse mundo, nos idosos sem família de sentir carinho. 
Eu todo o ano vejo crianças tristes e não lhes dou presente. Este natal vai ser diferente: não lhes dou presente mas lhes dou o meu pensamento e imaginação para ver se depois eu deixo de as ver triste.
Todo ano eu vejo os idosos isolados, alguns mesmo abandonados. Não lhes vou dar presente. Vou usar o meu poder, se o tiver, para que para o ano eu não lhes tenha de pensar.
O meu natal nunca mais vai ser o mesmo, nem que eu tenha de mudar o mundo.


Sanzalando

19 de dezembro de 2020

fim de outono

E acabando o outono o que irei fazer? Filosofar no inverno é deixar o imaginário demasiado à deriva num mar de norte. Sentar-me a ver o zulmarinho, nuns dias calmaria e noutros de ira é demasiado incómodo para o agasalho que tenho de levar. Ficar à lareira e ver o tempo a passar acho é sorte a mais para um ser irrequieto. Pedalarei por aí, pensando e pedalando ou vice-versa desde que não caia. 
E para treina eu gostava de definir o amor. Já Camões tentou e disse que era um fogo que arde sem se ver... e não gostei lá muito disso. Porque defini-lo é limitá-lo e o amor não o tem. Acho que vou ter que esperer mesmo pelo invernoe continuar a digar pelo outono sem antecipações. Uma coisa de cada vez sem ultrapassar a delicada linha que separa o interesse da obsessão. Ainda estamos apenas no fim do Outono


Sanzalando

#comida - quando os vizinhos nos mimam, 5 estrelas


#caminhos


18 de dezembro de 2020

#comida


eu e o lugar

É provável que um dia eu negue que tudo isto me aconteceu, negue que foi bom ter acontecido, negue que foi importante, negue que algo mudou dentro de mim daqui para o resto até perder de vista. 
Mas lembro de tudo e sei também que estou a recordar, esteja onde estiver os tempos passados. Mas não me importa mais o temporal passado. Algumas pessoas apenas não nasceram para serem recordadas no lugar de nascimento, mesmo embora os seus encontros físicos sejam bem românticos e inesquecíveis, naquela adolescência que parecia eterna. É isso que querem dizer quando dizem que tudo isto é um jogo, o jogo de vida. Se me sentisse derrotado, não fazia sentido ficar depois a assistir às reprises dos melhores momentos e esquecer os piores. E eu até que perdi tanto que só sobrou a memória, perdi para mim mesmo, ou seja, perdi para quem sou.


Sanzalando

17 de dezembro de 2020

eu biografado

Olhando para lá da linha recta que é curva, tentando ver-me no lugar da minha placenta, ouvindo o marulhar das sereias que antes eram kiandas e sentindo a maresia que antes era perfume banal, me imagino a mudar a minha imagem, aquela que eu transmito a toda a gente e que às vezes é o oposto de mim, do eu real. Não é fácil sorrir todos os dias, não é fácil conversar sempre que solicitado. Tem momentos que sabe bem gritar, pontapear o vazio, insultar o torto e o direito, ser algo que não sou. Não é fácil ser Eu. Tem momentos que finjo, que distorço, contorço para poder continuar a mostrar a imagem que transmiti de mim. Às vezes sou ignorante, criança, irreverente, adulto, sorridente, tacanho, cansado, feliz, triste, sou tudo isto porque sou humano e às vezes desgastado.
Mas eu sou o que sinto ser e não o que pensam que eu sou, mesmo estando longe das minhas areias, mesmo estando longe dos meus choros birrentos de criança feliz que foi crescendo sem corroer.
Afinal de contas eu sou assim e vou fazer mais como?

Sanzalando

16 de dezembro de 2020

#selfie


#lugaresincriveis


outono dourado

E faz sol depois de ter chovido cacimbo mais grosso. Este outono de cores douradas está aqui está primaverado sem ter invernado. Sem inverno como é que eu vou dizer que o teu maior defeito sou eu? Como é que eu vou manter este corpinho esculpido no sofá de leitura horas a fio? O que me vale é que este outono está por um fio. Terminado hibernarei por mim adentro num conhecimento profundo da minha essência organizando o meu caos e dando forma a todas as minhas personagens. 
Mas não antecipemos. É outono douradamente chuviscado.


Sanzalando

#lugaresincriveis


15 de dezembro de 2020

eu e outono passagem

Ainda no outono o tempo indefine-se. Indecisamente sente-se primavera, faz-se de verão e inverana-se de frio. O colorido do outono é bonito. A luz do sol, quando brilha é luminosamente bela. Ou outono-me em vários estados: nostálgico, alegre e moribundo-me à tristeza total. Multiplico-me em personalidades instáveis. tantas e tantas vezes começo um pensamento sem palavras exactas à espera que me venha à lembrança uma qualquer coisa esquecida. Navego-me por oceano de letras que até me chego a afundar em tantas palavras revoltas. Quantas vezes tento salvar os pensamentos perdidos? Quantos os deixo afundar na minha completa incapacidade de raciocinar? Afinal de contas que mais não é o outono do que uma viagem em que levo a mala cheia de pensamentos para pensar no verão do meu contentamento? Mais não é que o esconderijo dos meus olhares calados e escapados, que as minhas letras soltas para mais tarde soletrar. 
Mas cada um tem o outono que merece


Sanzalando

#zulmarinho


14 de dezembro de 2020

matacanha de vida

Fui ver o zulmarinho. Lhe olhei como se fosse a última vez. Pensei que  a felicidade é igual que nem turista, vem e vai num io-io interminável enquanto a gente tem ideia de ser o que é. Já a saudade é como desabrigado, vem e fica que nem matacanha ou bitacaia ou tanga penetrans, como dizem os cientistas, se gruda e provoca costeira que nem um tremor de terra no corpo.

Sanzlanado

12 de dezembro de 2020

#flores


eu e o tempo

Eu sou uma das pessoas que fala tanto em tempo e em como ele é capaz de curar tudo, que às vezes esqueço que ele na verdade também destrói, corrói, separa e muda, incluindo pessoas. 
O tempo que traz é o mesmo tempo que leva momentos, lembranças, amigos e amores. 
O tempo até parece tem pressa. 
Por isso é importante aproveitar e saber valorizar qualquer tempo. Há tempo para tudo, excepto para  desperdiçar. Viva o que tem para viver, aproveite o momento, não deixe nada para depois, pois o depois pode nunca acontecer no seu tempo

Sanzalando

#imbondeiro #mangueira


11 de dezembro de 2020

outonal tempo

Ar cinzento outonal. As árvores dão o colorido especial a esta época, mas o ar, hum, cinzentamente outonal leva-nos para o taciturnismo mental. Meditação, diriam os intelectuais. Eu fico só na contemplação das palavras. Eu gostava de ter um pouco da melodia das canções de amor, mas o meu ritmo é um batuque de sons originais e irrepetíveis. O que me vale é o batimento rítmico do meu coração e o sorriso aberto na minha cara.
Outonalmente pensado jurei não pedir nada a ninguém porém peço amor e sorrisos. Tão fácil ser-se feliz


Sanzalando

#zulmarinho


#zulmarinho


10 de dezembro de 2020

tem dias e dias

Tem dias em que o nosso silêncio é um barulho ensurdecedor, em que a gente se cansa de tentar ser alguém que não cabe mais no nosso estado de espírito. 
Há dias assim, em que as melodias são sons estridentes, que olhares meigos são rasgos de raiva e um suspiro é um vendaval.
Tem dias em que o olhar parece precisa ser legendado para nós mesmo compreendermos o que vemos. Tem dias que parece é o coração que chora mesmo que a mente sorria.
Tem dias que a ansiedade me faz correr quando estou parado, que as rosas que olho são descoloridas, que a chuva fina que cai me parece trovoada. Tem dias que mais valia eu não saber palavras.
Mas felizmente hoje não é esse dia. Gosto do meu silêncio e do brilho dos meus olhos quando olho-me por dentro.


Sanzalando

#zulmarinho Se a estrada estivesse sempre bem sinalizada ninguém se perderia


9 de dezembro de 2020

eremitei

Eremita, ser que vive em solidão em contemplação ou se isola para não viver em sociedade. Eu sou um eremita em mim uma vez que me tenho e não me pertenço. Quando eu morrer este corpo deixará de me pertencer, terá o seu fim, mesmo que as minhas palavras continuem baralhadas no espaço a fazer confusão a sábios cérebros. 
Na verdade eu sei o que faço, onde devo começar e acabar. Eu sei que esta solidão de pensamento é o meu equilíbrio, meu fio de prumo, minha verticalidade estampada em palavras soltas que tanto vão ao céu como se enterram na mais profunda confusão.
Tem dias que me ausento de mim para melhor me compreender. Não preciso convencer ninguém a dar-me atenção. Tenho-na, o que é preocupante. Um eremita não precisa dessa reciprocidade, não precisa que utilizem a sua luz para iluminar à sua volta.
Eremitei-me



Sanzalando

8 de dezembro de 2020

Quipola e eu

E faz hoje anos eu fui na Quipola. Era no tempo ainda que eu só andava de calções e sandálias. Não tinha idade para calças compridas. Eu me lembro parece foi hoje ir na estação dos comboio, apanhar o comboio que ia cheio e devagarinho ele me levar até atrás da sofrio e sair para andar um bocado a pé até na Quipola. Faz hoje anos que toda a gente, ricos e pobres, de calções ou calças compridas, de saias ou vestidos, tudo com cestos de pic-nic, ir nas festas da Quipola. A minha mãe me levou. Eu não dancei nem bebi vinho que foi comprado no António Padeiro, como era hábito fazer a compra no sábado para o vinho de Domigo e já agora para as festas da Quipola que hoje seria numa terça feira. Beijos para aqui e para lá. Eu cansado porque ainda não apreciava aquela coisa de festas com tanta gente, desde graúda a miúda. Tem gente que foi na Loja das Noivas ou Graça Mira comprar as toiletes. Eu vim com os meus calções de Domingo, meus suspensórios a imitar cabedal.
Faz hoje anos eu fui na festa popular da Quipola. Tinha arraial e tinha concursos. Eu só lhes olhei no meu olhar de miúdo. 


Sanzalando

#zulmarinho


7 de dezembro de 2020

biografia auto rizada

Como é bom andar por aí ao deus dará. Ser livre de consciência tranquila. Às vezes na vida a gente tem de esquecer o que quer para começar a entender quem é. Sem objecção olho nos olhos, nem que seja nos meus para me ver por inteiro. Eu sou o meu todo.


Sanzalando

6 de dezembro de 2020

#lugaresincriveis


o eu

Aqui sentado, olhos postos para lá da linha recta que é curva, pouco importando que faça sol ou chuva, calor ou frio, vento ou calmaria, saboreando o perfume da maresia, dançando pensamentos ao titmo do marulhar do zulmarinho a se espraiar na areia, saio do meu corpo e consigo chegar à terra que um dia absorveu a minha placenta num reciclável circulo de vida. 
Tudo aquilo que me fez feliz ou infeliz serviu para montar este tectriz de milhentas peças que é a minha vida, a minha estória pessoal e intransmissível. Todas são insubstituíveis, todas são aproveitáveis nas suas mais variadas formas e feitios. Uma ou outra pode ter sido esquecida e entrado naquela zona branca dos isso passou, mas a sua marca existe, não se nota mas está lá a completar o jogo do Eu que sou.
Aqui sentado não me perco de mim nem da minha terra, essência de ser eu.


Sanzalando

5 de dezembro de 2020

#momentos


meio termo

E depois faz frio e coisa e tal se não fosse assim era assado.
Incongruências dum dia de nada fazer. Pois então, um gajo não pode ser um constante pensador, meditador ou autoajudante em permanecia. Há que ter um momento de descanso mental. É por isso tudo que tudo nos matará. Os excessos, as faltas e o meio termo, que é o tédio. Bolas, mesmo em descanso eu sou profundo. Vou relaxar num spa, mas devido ao confinamento vou só mesmo para o sofá.


Sanzalando

#zulmarinho


4 de dezembro de 2020

tempo de viver

Vagabundo-me por entres imagens, ideias e pensamentos. Me perco em ruelas de sonhos, ruas de verdades antigas ou avenidas de águas apagadas na memória. Nestes entretantos vou por aí meditando, procurando-me fazer um ser melhorado, aprimorando-me e caminhando-me mais para o fim, distanciando-me do princípio e vejo que as pessoas falam tanto em tempo como se o tempo curasse tudo. Esse curativo tempo, esse apagador tempo também destrói e muda as pessoas. Esse tempo é o tempo que trás ao mesmo tempo que é o tempo que leva. Ele leva memórias para os confins do esquecimento, amigos para partes incertas, lembranças para passados rápidos. É um tempo sem tempo que passa depressa. O tempo detesta ser desperdiçado porque ele não pára à espera. Eu não sei se o tempo tem um depois por isso tento nada deixar para depois. Vivo-o aqui e agora

Sanzalando

#zulmarinho


#lugaresincriveis


3 de dezembro de 2020

medito-te

E se continua a fazer sol, a minha alma solar me leva aos caminhos do zulmarinho e caminho meditando pisando levemente a areia das mil cores. Aos poucos vou construindo o meu castelo de ideias, a minha fortaleza de pensamentos e o meu palácio de bem estar. A gente tem é que amar muito, respeitar muito para chegar para um outro e dizer: se é isso que você me oferece, agradeço, mas recuso, eu não quero esse pouco que me ofereces, não quero essas poucas partes, não quero apenas a tua metade. Vem inteiro, completa-me. Pego nos meus brinquedos e saiu logo daqui. Este lugar é meu, de natureza e luta.

Sanzalando

2 de dezembro de 2020

imperfeito

Imagina só eu criar um universo onde tudo era perfeito? Consegues cumprir este exercício? Eu não. Desconheço a perfeição. Às vezes até me apetece adormecer para esquecer a imperfeição e não é que sonho com ela? Na verdade não precisamos ser perfeitos, basta-nos ser para fazer a diferença. Tem defeitos que são importantes. Às vezes sou o caos. Mas sou importante para mim. Eu, ser imperfeito existe. Eu sou-o e existo. Eu tenho saudade, eu tenho amor, eu tenho solidão porém estou no meu mundo quase perfeito. Se tudo fosse perfeito como é que eu ia sentir estas coisas?



Sanzalando

#lugaresincriveis


1 de dezembro de 2020

#natal


#lugaresincriveis


hoje me apeteceu

E hoje que espreitou o sol vou caminhando na areia das mil cores num paralelo às ondas rebentadas do zulmarinho. Não sou de ficar no murismo da minha arca de noé. Não me sento num muro da vida a ver a vida a passar. Eu vou viver a vida mesmo que seja apenas mudando de atitude, pois isto faz com que mude de lugar ou de sentir o lugar. Por isso hoje vim caminhar paralelemente ao zulmarinho, mesmo sabendo que a minha vontade era ser-lhe perpendicular até certo lugar. Mas hoje aqui, vivendo a vida concluo que se não me sentir feliz não forço o meu sorriso, pois não estou programado para ser feliz sempre, não tenho que fingir que tudo está perfeito e bem. Há dias em que não vejo o arco-irís. Hoje só me apeteceu viver a vida junto ao meu mar daqui.



Sanzalando

#lugaresincriveis


#zulmarinho


29 de novembro de 2020

#lugaresincriveis


eu mesmo

Por vezes embalado em pensamentos rápidos dou comigo a choramingar porque a minha saudades é despertada por uma qualquer canção que me caiu na memória instantânea. Estes pensamentos rápidos surgem em nadas, instantes marcados por memórias, segundo lógicas irracionais que me levam a estados meditativos em que olhar nos olhos pode ser perigoso porque normalmente eles dizem mais do que as palavras proferidas. Não quero atingir o estado supremo da sabedoria nem da felicidade celestial, quero apenas ser um eu, realizado na vida, sonhando com olhos de ver e alma de sentir.

Sanzalando

27 de novembro de 2020

ser que nem eu

E faz sol e faz chuva num xadrez que não é para entender mas para viver. Acendo a lareira, instrumento útil que me foi dado a conhecer no hemisfério norte, e olhando para a chama vou sonhando com o marulhar, delirando com o perfume da maresia ou simplesmente navegando pensamentos para lá do aqui e agora. Não tem ninguém que seja feliz o tempo todo. Também não tem ninguém que é infeliz esse mesmo tempo. Há sempre um momento que ficou gravado assim ou assado. Eu estou de bem comigo e digo isso é felicidade, privilégio de ser como nem sou. Poucos ou muitos isso não me é importante porque me importa é transmitir a minha ideia: todos os momentos que vivi são meus. Não posso assim ter sentimentos inventados. Vivi-os, com as feridas e os remédios, bons e maus, irrequietos ou tranquilos. Tenho sorte de ser que nem eu.

Sanzalando

26 de novembro de 2020

meditação de outono

E nestes dias de outono a meditação parece ter mais tempo para se apoderar de nós. Meditamos mais e se calhar melacolicamente mais intensa é. Por isso começo por fazer um brinde à memória daqueles amores que deixaram de o ser, que por acasos da vida se despediram e se despiram de nós. Lembro todos eles, mesmo os que fiz tanta força para esquecer. Há amores que até parecem vícios e de quando em vez parece chamam por nós. Acho esses são amores aditivos. Por isso devem existir amores subtrativos. Bolas, estes são aqueles que nos sugam a alma até o tutano se transparentizar e nem ninguém nos consegue ver. Acho nunca tive amores assim. Ou será que tive? Que chato! Hoje vou desmeditar-me por aqui.



Sanzalando

25 de novembro de 2020

amar

Mesmo quando faz sol, frio ou simplesmente chove o amor não é um sentimento finito. Não temos só uma quantidade para dar. Nosso coração cria amor á medida que precisamos dele. Tem dias, como o de hoje, que eu sinto uma infinita capacidade de amar. 

Sanzalando

24 de novembro de 2020

uma carta à minha terra

Faz tempo não escrevo uma carta. Será que ainda sei como é que se fazia? Naquele tempo tinhas que escrever uma carta para saber ou dizer como é que estavas e coisa e tal. Telefone estava difícil. Tinhas que saber o número e a hora exacta em que o destinatário ia estar ao pé dele. E havia poucos para não dizer muito poucos. Era só por carta e ficavas ansioso á espera ela chegasse lá, o destinatário tivesse pachorra para te responder e aí ficavas a saber um bocado mais. Hoje me apetece escrever uma carta à minha terra. Não lhe vou meter no correio pois tenho a certeza não está lá quem tenha vontade de me responder.

Minha querida terra, tu sim, que me viste nascer e às prestações me viste crescer., como é que tu estás? Faz tempo, anos de dúzia por assim dizer, que não te olho e não te sinto no meu coração. Começo por te pedir perdão deste tempo todo passado, mas não só tenho tido muitas coisas para fazer por cá, como também sei me faltam as palavras para te expressar de modo suficiente o que me vai na alma. Eu sei que tens crescido muito, na altura e na largura pois me têm mostrados fotografias tuas. Mas não é a mesma coisa, falta o perfume, o peso do ar e da vontade. A minha ausência te tem feito doer? Desacredito, pois foi por culpa minha esta nossa separação e tu não ias ficar plantada na beira do mar a me esperar. A minha cobardia, o meu medo e a minha comodidade foram mais fortes que eu e me fizeram ficar por aqui e agora já me faltam as forças de vontade para suportar um recomeço a começar do menos que muita coisa. Tem só paciência comigo e se um dia eu conseguir essa força eu te vou abraçar e fazer esquecer a falta que te fiz neste tempo todo.
Minha terra, espero que guardes um pouco a tua intensidade, da tua força de te ergueres, para quando eu um dia ai chegar tu teres paciência para me ensinar a curar as tuas dores, o teu modo de vida, o teu querer.
Minha terra eu não deixei de gostar de ti. Nem um bocadinho. Foi só mesmo outros amores que me fazem estar por uns aquis tão longe de ti.
Com muita saudade o sempre teu

Eu


Sanzalando

23 de novembro de 2020

#mangueira #imbondeiro


#comida


eu

Eu tenho cá para mim que sou fruto de uma invenção minha. Sou fruto só dum pensamento meu. Eu não existo. Imagina só eu me olhar e me ver. Não, eu só me penso. Eu sou as minhas palavras, a tradução física da minha existência. Eu sou éter, vazio cibernético, ausência de matéria cerebral. Tanto purifiquei-me que deixei a matéria viva e parti para a imaginação. Eu não sou um ser preso numa existência, uma memória física dum nascimento. Eu sou pensamento. Queres ver daqui a pouco afirmo-me um abstrato?!


Sanzalando

#zulmarinho


#zulmarinho #lugaresincriveis