Eu morro de saudades da minha mãe. Morro de saudades do meu pai. Morro de saudades de tantos amigos e familiares que faleceram, uns há pouco tempo e outros faz tempo que eu já nem lembro mais quando é que foi. Morrendo nessas saudades vou vivendo, procurando recordações na memória da vida, nas fotografias, nos livros que leio, na conversas telefónicas que tenho, com amigos e familiares e outros tantos que tais. Morro de saudades vivendo tanto feliz quanto posso, porque é mais fácil ser feliz do que procurar lenha para queimar a cabeça e taciturnar o sorriso e mixordar a paciência alheia. Morro de saudade vivendo feliz, mesmo que tenha de passear virtualmente por lugares que já fui, por lugares que sei mais cedo ou mais tarde vou poder voltar a ir.
Não vou morrer por sair e dar de boca com o Covid19 só porque tenho saudades. Sempre que puder eu vou estar em casa, arrumando as minhas saudades para que amanhã as minhas saudades estejam como a minha conta bancária, limpinha, já que ela tem um gajo que mensalmente faz a manutenção e ele não vai para a rua passear e beber uns copos. Sempre que tiver
saudades eu me recordo que um amanhã breve eu vou poder matá-la porque toda a gente ficou em casa agora, na hora crucial.
Vou agora dar uma vista de olhos para os recantos que guardei numa pasta perto de mim.
Sanzalando
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