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3 de março de 2020

meditação matinal

Se ontem e antes choveu, hoje solou novamente, mesmo que a sombra seja fraca. Não venta nem me arrefece as ventas enquanto caminho aqui ao longo do zulmarinho num paralelismo assimétrico, numa recta encurvada pela natureza da areia. E medito palavras que decorarei em textos para mais tarde soletrar-me como se fossem estórias de embalar. 
É certo que a gente tenta sempre culpar alguém ou alguma coisa pela nossa tristeza. Mas com culpa ou sem culpa ela não acaba e a gente ainda fica pior porque não aceita que a culpa, a haver, é nossa apenasmente. Acho é vicio e viciante arrumar um culpado que não seja o nós mesmo.
Não vou encher um copo e vertê-lo em mim para esquecer. Era fácil e depois ia doer a cabeça e a náusea era bem pior que a Satre. Também não me vou deixar cair num conformismo barroco, ou de barraca, ao comparar a minha estória com estórias que ouvi contar. A minha vida real não é escrita num livro imutável, nem um conto de fadas nem um monte de fraldas usadas. É somente a minha vida, nos seus altos e baixos, sem uns felizes para sempre ou uma torrente de lágrimas. É a insignificância de um ser nos biliões de seres existentes. Acho não há zeros para definir a minha percentagem existencial. Para mim sou apenas 100% de eu mesmo e é isso que me importa. Sou gente com virtudes e defeitos, com orgulho e acreditação.
Passeando paralelamente assimétrico na minha praia de vida deixei de escolher o aparentemente bem para viver a felicidade de ser verdade enquanto insistir que sou existente.


Sanzalando

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