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17 de março de 2020

meditando sem fronteiras

E de repente começou a chover. Milagre, pensei eu. Mas afinal nem sei se posso chamar chuva ao que perdigota do céu. Acho esbarrei numa palavra proibida: perdigoto. Por isso falo devagar de modo a não chuviscar a parceira. Mas a chuvinha lá fora me desaconselha a ir lá fora meditar, então, em forma de palavras vou martelar o meu cérebro com ideias, vagas ou ondas, cheias marés, ou calemas. Neste momento da vida, num retiro pro-activo, em que aprendo novas palavras, novos conceitos, como tele-trabalho, internamento domiciliário, prescrição à distância, começo a pensar se não é altura de reformular muitos conceitos, não do acordo ortográfico, mas do modo de viver a vida, de fazer o que tem de ser feito, de dizer o que tem de ser dito?
E, ao lado desta chuva, num retiro voluntário, dou comigo a cair em mim e a pensar que há tanta gente que nunca tinha usufruído da sua própria companhia e de se entender a si mesmo, como nesta altura, neste mundo, cada vez mais global e menos fronteirado.


Sanzalando

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