Eu vesti a bata branca. Mantenho o sorriso nos lábios. Eu estou ao lado dos da linha da frente. Eu e muitos, muitos mesmo. Damos a cara, o corpo e a sabedoria que temos. Usamos as melhores técnicas, usamos os mais modernos conhecimentos científicos, cruzamos conhecimentos e há tanta coisa ainda para aprender. Sorrimos cansados, transmitimos confiança, paz e serenidade. Médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos, secretariado, não pode falhar nada, não pode haver improvisações. Estamos ali, para o que der e vier.
Agora, numa hora de pausa, sou eu que vou pedir a quem não precisa de nós que fique em casa, medite, sorria, brinque, salte e pule, mas não saia de casa a não ser por uma causa inadiável. Nós queremos ter vida para além de hoje e de amanhã. Não nos atraiçoe. Não nos façam perder este combate.
Há quem tenha ansiedade, quer saber como estão os amigos e familiares, quer ser fofoqueiro, usem as redes sociais, usem as novas tecnologias, brinquem com aplicações velhinhas como o Skype, façam desenhos no paint e mandem por mail. Mas não entupam os meios que precisamos para trabalhar.
Agora, numa hora de pausa, peço aproveitem para ler, para reler ou quem sabe escrever uma ou outra memória.
Não vale a pena estar ansiosos a espera de fazer uma análise, no público ou no privado. Não é isso que cura ou evita. Não têm sintomas, mantenham-se em casa. É melhor que muitas analises, muitos medos.
Nós, mais aqueles que são mesmo a primeira linha, exaustos, com uma ou outra palavra menos simpática, estamos a dar o máximo para que aconteça o mínimo. Vós, os que não estão por aqui têm de colaborar.
Vamos fazer a 'quarentena', mas ao contrário. Não saímos para não ficarmos doentes, vamos acabar com a transmissão, vamos interromper o ciclo da doença, vamos deixar o virus finar-se por falta de corrente.
Hoje, electricamente, porque decisões que têm que ser tomadas, me apeteceu parar para pensar e pedir que ajudem-se.
Sanzalando
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