Na verdade, nos últimos tempos, tenho aproveitado as minhas caminhadas para pôr em ordem uma prateleira da minha cabeça. Os tempos passam a correr e não sendo eu adivinho, sei que tenho mais passado que terei de futuro e o presente tem de ser usado bem. Assim sendo, tento evitar preocupações a mais do que aquelas que dão pica ao dia a dia, tensões que possam causar dano a um sistema nervoso calmo e sereno.
É neste propósito que as minhas caminhadas podem passar por letras soltas e palavras vadias que vou dispersando por uns aquis e outros alis. Leio um livro, normalmente recomendado e poucas vezes ao acaso, sobre temas que no momento me despertam e que podem ir desde a História, ao Romance ou ao Conhecimento. Um bom filme, tal como no livro, que após a visualização, eu classifico como fui bem ou mal aconselhado, mas não glorifico nem crucifico a fonte, porque isto de gosto tem muito de subjectivo e como tal é variável. Mas ganhei opinião e isso é já uma forma de enriquecimento de conhecimento.
Nestas caminhadas também me motivo, também recordo os tempos em que qualquer medalha, oral ou física, fazem ainda como que eu olhe o à frente sorrindo, passado arrumado e cor nos olhos que olham o mundo.
Nestas caminhadas ainda tenho tempo para ver o que me dá gozo, o que é fazível, o que é ideal, sonho ou delírio, sentir o perfume ou o mau cheiro e fazer as minhas escolhas sem ter necessidade de comparar passado com futuro neste presente que me é vital, nem com o vizinho do lado e nem com um histórico cujo passado só conheço a virtualidade transmitida. Eu ainda tenho capacidade que posso transformar o mundo, nem que seja apenas o meu.
Vá lá, nestas caminhadas também posso encontrar os meus erros e enganos. Não tenho a mínima duvida em pedir desculpa quando acho que o devo fazer, sem ter necessidade de transferir esse peso para outro. Afinal de contas um erro é uma poderosa forma de aprendizagem e de recomeço.
Finalmente estas caminhadas servem para não estar parado, nem enferrujar o intelecto nem o físico. Ouvindo os Rolling Stones, pedras rolantes, concluo que até as pedras se movimentam, porque não eu fazer o mesmo, caminhando por escadas de pensamento ou passeio de ideias, voos de sonhos e navegações sobre correntes frias e quentes?
E assim terminando, começo a introdução de todas as caminhadas que fiz até este presente que daqui a pouco foi-se em passado.
É tempo de cultivar-me em serenidade e ser feliz
Sanzalando