Bebida a imperial na Minhota subi até ao tribunal e nas suas escadarias me sentei.
O tabaco me tirou o folgo e eu deixei-me cair no vazio dos campos minados da tentação e nos brilhantes sonhos fantasmagóricos que a imaginação me foi oferecendo. Recupero o folgo buscando palavras que me levem por trás do palácio, até aos terrenos da Igreja Paroquial onde a música me embalará numa tentativa de engatar a miúda mais gira da minha geração.
Penso eu, desejo eu, sonho eu.
Mais uma vez falhei. O ar ofegante me aconselha a ficar aqui sentado e deixar essas estórias para os mais velhos, porque o meu tempo há de chegar.
Acendo outro cigarro como que me socorrendo duma bala de oxigénio, atiro pensamentos para o firmamento enquanto faço círculos de fumo num gastar de tempo perdido. Me fizeram feitiço, tenho a certeza. A miúda mais gira da minha geração não me sai da cabeça, nem com as minhas promessas de que mais tarde recuperarei.
É o meu vazio de sonhos ímpares, entrelinhas da palavras soltas, falhanço total que juro, aqui na escadaria deste tribunal, um dia vou recuperar todos esses sonhos, desejos e quereres.
Agora, repousado, caminho por trás do palácio em direcção à discoteca da Igreja Paroquial onde ouvirei o Because I Love you pela centésima vez este mês.
Sanzalando
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