Quantas vezes me apeteceu apagar todas as palavras que disse? Incontáveis. Quantas apaguei? Nem uma. Palavra dita é palavra, som no ar que vai ser ouvida num lugar qualquer. Não posso aspirar as palavras que digo. Era-me incoerente. Mas tem vezes que não me apetece ouvir as minhas palavras. Silêncio. Faço-o. Às vezes as minhas palavras me recordam os anos, o peso da vida vivida e mesmo que eu me entristeça logo sorrio porque isso é vida. Se eu não tivesse usado essas palavras antes eu agora ia falar mais o quê? Eu ia-me ouvir mais como? Eu vou-me esquecer desse tempo todo usado? Nunca. Vou-me entristecer? Se eu galasse outra língua eu diria never, porém fico-me no jamais.
As minhas palavras mostram momentos. Eu gosto desses momentos por isso eu gosto das minhas palavras mesmo que não me apeteça ouvi-las em algum momento.
Tantas vezes eu me pergunto se tem problema em usar as minhas palavras para me revitalizar. Nunca. Porque o problema não está nem na palavra nem na vida passada. A coisa está no agora, na vontade do agora em ouvir-me ou calar-me.
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