Despedindo-me do verão, aquela estação do ano que é a mais quente, onde se vê à venda melancias e mais uma grande variedade de frutas, onde os mosquitos ao fim de tarde se tornam mais acordados e certeiros nas suas investidas, onde as pessoas mais se desnudam num agradar passear onde quer que seja, excepto aquelas que, por ser verão, têm mais pressa de viver e fazer coisas para terem mais tempo para não fazerem nada, onde todos pensam estar de férias mesmo aqueles que cá trabalham, escrevo umas outras coloridas palavras de adeus.
O verão, as idas à praia, o gelado da tarde, o jogo de bola e as almoçaradas com amigos, num ciclo anual que se repete, está de abalada.
Este ano, dirão uns, foi atípico. Outros disseram isso noutro ano. É sempre um verão atípico.
A cada ano jogo à bola mais devagar, o jeito dos pés passou para os olhos e cordas vocais. Os almoços com os que estão de férias se tornam mais escassos, porque, não estando de férias, a digestão se faz cada vez mais difícil, necessitando de mais tempo para recuperar duma refeição para outra e também porque os amigos vão-se indo para parte incerta ou apenas estão fixos a um lugar da memória e com uma grande incapacidade para se deslocarem sem terem de trazer atrás todo uma parafernália de utensílios indispensáveis à sua vida.
Este ano o casaco foi acessório indispensável, bem como uma boa dose de laca a segurar o cabelo porque o vento norte não foi de férias para outra parte.
Este verão deu para recordar outros verões, da adolescência à idade adulta, ao mesmo tempo que vi a família crescer numa dupla dose de netas.
Este verão foi atípico mas foi um verão com memória
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