Hoje, quando chega a hora do pôr do sol, recordo os dias que passeamos e se mistura bué de emoções dentro da minha cabeça, parece é comboio a vapor a subir a serra. Não sei se consigo te dizer em palavras os sentimentos sentidos por mim naquela altura em que os nossos caminhos se foram separando.
Sei de cor o brilho dos meus olhos polidos pelas lágrimas, a forma do teu sorriso sem sorrir e a aspereza do teu semblante a me fitar como quem corta uma corda de amarração.
Nunca tivemos passeios de mãos dadas nem sei se tivemos conversas profundas que durassem mais que alguns minutos. Não me lembro se alguma vez calhou estarmos assim de olhos nos olhos a escrever silêncios entre nós. Não me recordo de nenhum capítulo que tivéssemos trocado juras de amor ou eternos planos de futuro. Será que ficou escrito nas nossas almas algum tratado de distância ou memorização?
Às vezes penso nos ses da vida se não nos tivéssemos separados daquela forma e tivéssemos seguido a trajectória planeada segundo os teu parâmetros. Como posso eu saber como teria sido a minha vida sem a rudeza daquele teu olhar naquele dia?
Como eu te posso dizer que todos os meus silêncios são diálogos contigo? Como eu te posso recordar a cumplicidade dos nossos sonhos de criança? Como eu te posso mostrar as cicatrizes da minha alma?
Será que te lembras das estrelas do nosso céu? Do sabor do nosso mar, lembraste? Dos passeios de fim de tarde, recordas-te?
Os nossos destinos seguiram rumos diferentes, os nossos tempos foram tempos diferentes, os nossos olhares olharam coisas diferentes.
Te desejo alegria e amor para sempre.
Com carinho até ao dia que o cruzeiro do sul virar norte
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