recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

18 de novembro de 2023

dor de saudade

Estou sentado sob as casuarinas ao lado do Clube Náutico. Me apetece ficar na sombra deste verão imaginário que me aquece a alma, ao mesmo tempo que vejo o comboio que vai no porto buscar carga que deve ser para levar lá no planalto. Ao lado ninguém está a jogar ténis. Me refugio, me protejo, me distraio e ao mesmo tempo vou pondo à superfície mental a minha vida em tempo real, sem falhas de passado a amarrotar um qualquer futuro ou um presente esquecido na lembrança apagada.
Será que tem bebida, comida ou carícia que apague a dor da saudade? Mesmo que seja a saudade da gente mesmo? Mesmo que seja a saudade imaginária?
Aqui sentado, perfumado de resina, me dizem é pinheiro, eu sei é casuarina, deslembro de pensar no dia de amanhã, esquecer a embriaguez do futuro sem as memórias do passado.
Aqui sentado, sob as casuarinas eu poderia dizer mil vezes que te amo porque o comboio a diesel não te ia deixar ouvir, por mais que eu gritasse.
Aqui sentado, ainda consigo imaginar-te a jogar ténis do outro lado da rede mal escondida pela trepadeira, respiro resina com perfume de pinheiro, vejo os comboios a passar um de cada vez e ainda aqueço a alma com o imaginário reinventado dos sonhos de menino que amenizam a dor da saudade. Aqui me deixo levar por sonhos vividos em cada segundo do meu passado. Aqui não tenho medo de não ter futuro neste presente.



Sanzalando
11-02-2012
revisitado

Sem comentários:

Enviar um comentário