Como dói o passado não ser presente e o futuro esquecer o passado. Como dói eu não ser o que desejo ser quando o quero ser. Ardem-me os olhos das lágrimas que já chorei e me secam-se os lábios com os beijos que não dei. Dói-me o peito dos amores que amei, dói-me a alma dos segredos que guardei.
Sabes, não me dói ver as cinzas da juventude voarem sobre os ventos da idade. Não me dó ver as memórias serem esquecidas, fruto do peso da idade.
Dói-me o medo de não ver mais vezes as miragens do deserto, de não sentir os frios das noites longas dos descampados areais por onde andei.
Não me dói o silêncio nem a solidão.
Dói-me a loucura das palavras ditas sem pensar, dos gestos feitos sem reflectir e das acções irreflectidas dos que passam na vida sem darem por ela.
Não me dói amar. Não me dói ver-te. Não me dói sonhar-te.
Dói-me a tua lágrima, a tua solidão e o teu silêncio. Dói-me ver-te sem brilho a navegar num mar insano sem destino nem rumo.
Meu doce amor não dói.
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