A Minha Sanzala

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6 de janeiro de 2006

Uma estória verdadeira(34)



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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2005
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Uma estória verdadeira (34) Hoje, 18:02
Forum: Conversas de Café
Gasosa? Não, eu só mesmo bebo cerveja nacional. Pensas eu sou rico para estar a beber importada? Hoje coube mesmo a vez de provar a Nocal. Está rara essa cerveja mesmo aqui em Luanda. Vais ver eles só fabricam mesmo para o bairro deles. Cuca, Eka e Sambila se vai vendo por aí. Mas N’Gola e Nocal é que é mesmo quase impossível. Digo quase porque aqui perto do 1º de Maio te encontrei ó Nocal desaparecida e fugidia. Com estas voltas e voltaretas, este ver de montras sem sair da viatura é bué fixe. Estou aqui estou a gostar de conduzir em Luanda. Falta mesmo só vir carro voador e outro rastejador. Divertido. Mas tem cuidado que hoje não podes estar já em avarias pois logo tens jantar de favas com estrecosto num restaurante português de Braga cuja cozinheira é alentejana e senta com muito gosto na nossa mesa. Mesa grande. Combinação antiga de gente amiga. Meus pais emprestados e meus irmãos de coração me estão a acompanhar nesta árdua tarefa de aviar dois tachos maiores que sei lá o quê de favas. Boas que nem vos posso contar todo o paladar que esse eu lhe quero resguardar na consciência. Cambas todos lhe louvaram nas mãos da fada da cozinheira. Azar dos azares é que o referido dito cujo restaurante fica mesmo de pertinho da sede desse Benfica que até tem ave agarrado na bola aqui no passeio. Vais ver ela tá com medo ela fuja. Aí me estou de dar em pensar que deve ser mesmo daquela loira do deserto a estátua feita de cimento. Me está a cheirar a mão dela nessa coisa de ave agarrada na bola. Mais uma noite que vai ser curta. Será que as noites de Luanda são sempre assim tão curtas? Se vai acumular e depois não tenho nem forças para levantar as pestanas. Mas tem de ser e o que tem de ser tem muita força. Nova voltinha de volta ao Cacuaco. Mermãos devem que estar cansados e fartos de me aturar. Mas se aguentem que o tempo do calendário se esgota e depois vão ter tempo de estar sem mim. Mais um cházinho para ajudar a digestão. Peso na cama ainda vai fazer ela virar semi-circulo. Depois, manos, mandem só a conta que já sabem que eu não pago. Vos fico a dever tal e qual a gratidão pela forma mais que doce como me receberam e me trataram. Mas isso é rosa de outro rosário.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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