"Fio": Estórias à beira-mar
carranca
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Uma estória verdadeira (39) Hoje, 20:32
Forum: Conversas de Café
(passado que foi o fim de semana eis-me de volta - a Esplanada mudou de nome, agora é Estórias à beira-mar, como que assim sentado em roda e se bebendo e contando)
Se teve o direito de dormir só meia noite. Há quanto tempo mesmo é que eu não durmo uma noite inteira? Mas que importa mesmo, cate parece que vieste para aqui dormir ou quê? Este tempo está mesmo a ficar mais curto que aquilo que estava habituado. Olha mesmo se eu dormisse a sesta como ia ter tempo para fazer metade daquilo que quero fazer? Acho mesmo que aqui a hora tem menos minutos que os que marcam o relógio que não tenho. Despertador está para as 04.15 horas e me estão a chamar são só mesmo 4 horas. Aqui alguém anda a fazer batota. Me querem pôr os nervos assim como que na flor da pele que não é nem nada parecido com flor do Congo. Mas se dizem que tem de ser, olha que seja que não estou para ficar com fama de sorna. Me levanto. Lavo as partes mais íntimas e as outras também. Me avisam que não sabem quando isso vai acontecer outra vez. Se gargalha porque impera a boa disposição. Se ouve o barulho do romper da aurora. O céu está cinzento porque tá a cair aquela chuva que dizem molha tolos mas se assim é, eu estou descansado, passo ao lado dela. Há que acabar de arrumar o Tico. Mala lá para cima da sogra. Vais ver é mesmo para a sogra não protestar muito na viagem. Mais coisas há pelo que no minúsculo espaço tem que caber o maiúsculo possível. Mais coisas para cima da sogra. Até aqui a sogra sofre. Se põe uma lona, não vai ela ficar constipada e depois é ouvir os espirros dela a toda a hora. Tá tudo? Acho que sim, respondi eu sem saber mesmo o que estava a responder porque nem deu tempo para pensar enquanto saia a resposta. Tá na hora. 5.00 foi a hora marcada e passam já alguns minutos dela. Vais ver este atraso vai dar confusão já na passagem por Luanda. Te estás a esquecer que temos de ir do norte para o sul? Respondi mais uma vez que não tinha esquecido. Também àquela hora tanta pergunta que o cérebro ainda não está pronto para ser usado, pensam ele é uma máquina de carregar no botão e está pronto a funcionar? Tem que se lhe dar tempo. Secretária, futuramente co-pilota, diz que se já se arrumou tudo e o melhor mesmo é ir descansar mais um bocado. Todos nos rimos mas ninguém lhe deu ouvidos. Fiquei com pena, mas nada respondi ou disse. Beijos de despedida na mimada que fez birra para ficar porque tinha que fazer isto e aquilo e aqueloutro mas estava sem Internet ainda era castigo dos deuses e coisas mais. Se arrancou, agitando as mãos na forma de adeus. Já tinha trânsito mas não dava para estudar como iam os outros carros. Hoje se anda. Devagar mas se anda mesmo. Quando se chega mais perto do Alvalade é que começa mesmo a se ver que vai haver confusão. Depois no Prenda se olha e a confusão é mesmo de quem vem do sul para o norte e não no vice versa. Se anda bem. Se vê milhares de candongueiros. Se vê um ou outro mas raro machimbombo. Vais ver isso é falta grave. Mas eu hoje não posso pensar nessa problemática. Eu decorei o mapa, o que viria a mostrar mais tarde que era mentira. Tanto pormenor que quando se passou Benfica já não sabia onde é que estava. Se passou Luanda Sul, se andou. Há rede no telemóvel
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
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