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21 de janeiro de 2006

Porque hoje é sábado

O Leão fugiu do circo. Cansado desta vida, resolveu a bel-prazer, dar uns passeios pelos arredores. Fazia frio, mesmo com o sol de Inverno ao meio-dia, sábado; caminhava todo contente, no entanto, parou abismado diante de um vendedor ambulante que vendia mate. Olha o mate! Mate Limão! Um pouco surdo, por causa da idade, surpreendeu-se com o vendedor que gritava: Mate! Mate! Mate! Pensou em rugir bem alto, para mostrar quem era. O vendedor, teria de parar de gritar Mate Leão! Afinal, ele estava diante do Rei da Selva, é do conhecimento de todos, que lá na selva, eu sou o Rei. Sou o Rei e ponto final. Aqui, não tenho tanta certeza. Como pensar, morre apenas um burro. Leão pensou e acreditou piamente que ainda continuava a ser o Rei, pois, estava na Selva da Cidade. Uma selva de pedra, como costumava a dizer para os amigos ursos. Depois, de muito matutar, filosofar, concluiu que o vendedor ambulante, não falava directamente para ele. E seguiu a sua longa caminhada pelos arredores da cidade. Animais e pessoas quando se encontravam com ele, fingiam que ele não existia, que era um leão de peluche, tamanho XXL.Mais adiante, ao atravessar a mini-feira, ouviu um garoto pedir ao avô, para comprar um mate. Avô, compra-me um mate Leão? O avô comprou. Leão, ficou assustado, mas não ameaçou o garoto, que inicialmente ficou apavorado ao ver aquela fera a dois palmos do seu nariz. Leão, gostou tanto dele que queria dar uma lambidela, um abraço à criança, desistiu, pensando que ela poderia ficar com medo. A sede era tanta, que ao tomar o mate, matou a sede. Leão imitou aquele pinguinho de gente, pediu um natural e o outro de limão. Meu neto querido, podes ficar tranquilo, senta-te que o leão é manso.
Leão, despediu-se da criança e foi em frente na sua caminhada recordando-se que desde de 1928, arranjou trabalho extra na MGM; entrava em cena, para dar uns rugidos e nada mais, adornado por um circulo, com as palavras esquisitas:Ars Gratia Artis, que segundo me disseram, quer dizer: Arte pela Arte.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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