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30 de setembro de 2006

07 - Estórias no Sofá - Um casal qualquer - 2 de 2

Aproveitei depois o silêncio dela e continuei a divagar os olhos pelas campas perto e pelas que mal conseguia ver também, tentando destranspirar o que ela me tinha feito transpirar com aquela conversa. Como sempre eu fico mais para lá com aquela conversa, mais para além do humanamente suportável. Parece eu fico animalescamente humano.
Deixei-a depois na casa dela e segui directo para a minha.
Casa vazia. Marcolina pelos vistos tinha aproveitado para sair.
Me sentei no sofá e com a televisão ligada fui matutando contra a vontade na estória da ressuscitação. Procurei um canal com filmes da natureza ou outra coisa para distrair. As horas passam numa lentidão que nem parece que passam.
Marcolina chega a casa e já é tarde. Entra pela porta e eu, Oliveira com cara de assustadoramente zangado, estou no sofá no meio da penumbra, sentado e a olhar fixamente para ela.
Ela se limita apenas a perguntar-me se ainda estou acordado. Rematei com a pergunta mais estúpida que me lembrei, que foi lhe perguntar onde ela esteve e conclui lhe perguntado se aquilo eram horas de mulher chegar a casa.
Ela não se desfez e se limitou a dizer que depois do trabalho foi com as colegas num bar.
Me saiu da boca sem se quer ter pensado lhe dizer que ela era casada, não fosse ela ter esquecido.
Ela me responde, na sua voz seca que não só se tinha esquecido como também se estava agora a se lembrar que tinha casado com um homem que parece velho, ranzina e rabujento.
Não sei o que é que me passou pela cabeça, lhe segurei o braço delicado e a joguei no sofá.
Lhe perguntei com quem ela me andava a trair, isto no meio de berros e palavras atropeladas umas nas outras. Gritei que lhe matava e outras coisas mais.
Assustada me dizia que só tinha ido no bar com as colegas. Era só isso, me garantia ela. Mais uns berros daqui e outros dacolá acabamos enrolados no sofá como se fosse a primeira vez. Lhe fui despindo, muito contra a vontade dela.
Marcolina, linda e nua sobre o sofá tentava esconder as volumosas mamas.
Assim num repente vejo uma nódoa negra na nádega esquerda e na coxa direita alguma coisa parecida com uma dentada.
Me andas a trair porque isto são mostras de traição, lhe disse apontando atrapalhadamente para as marcas que eu via.
Nem esperei resposta. Foi ali mesmo no sofá.
Ela ofegante, calada e olhar cansado.
Me levantei, fui para o quarto e acho adormeci logo pois não me lembro mais nada.Hoje de manhã, Marcolina preparou o café. Lhe disse, antes de lhe dizer os bons dias, que ontem tinha sido incrível. Ela me respondeu que eu também o tinha sido. E hoje como vai ser, me perguntou ela. Lhe respondi que queria algo diferente. Ela me respondeu que ia pensar e saímos cada um para o seu trabalho, eu com vontade de correr mundo.

Sanzalando

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