A Minha Sanzala

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5 de setembro de 2006

Intimidades (6)


Aqui, no meu mirante, poltrona esculpida na rocha nos milénios de existência deste zulmarinho, imagino ser o seu cavaleiro, ser um espaço no seu corpo, sentir-me um especial na vida dela.
E tu, que pachorrentamente me vais aguentando nestes segundos inexistentes, sabes que falo do coração. Olhando nos teus olhos sinto que às vezes te pareço um ridículo que vive no sonho, que caminha no equilíbrio da utopia, trapézio sem rede na porta dum manicómio.
Mas tu sabes a sanidade do coração apaixonado.
Tu que me ouves até com os olhos de atenção, lhe diz, por favor tudo aquilo que eu lhe sinto. Lhe diz que ela é a minha sombra, a minha alma, o meu eu abraçado de sequelas de um erro cometido no calor de uma paixão de adolescente. O meu maior erro na vida.
Mas te esquece de dizer que os anos passaram, que me tornei mais maduro dentro da minha infantilidade. Não lhe digas que eu sou um livro aberto que no olhar pode ser lido o que me vai na alma. Nem lhe fales que eu sofro lhe pensando cada segundo da minha inexistência.
Se lhe falares não te esqueças de beber uma birra estupidamente gelada, para oleares a goela e lhe falares com limpidez de palavras audíveis.
Se lhe falares, diz-lhe que eu me lembro cada segundo que lhe vivi, mesmo depois destes anos todos. Cada esquina dos nossos encontros e desencontros estão gravados no meu mapa mental.
Olha, diz-lhe apenas que ela é o meu tesouro e que um dia, mais cedo que tarde, ela vai-me ter. Queira ela ou não me queira.
Sanzalando

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