Fiquei alterado com a súbita curiosidade de saber o que tinha lá dentro desta vez. Estaria a reafirmar-me um pedido de desculpas? Estaria a querer insistir na reaproximação? Deve ser uma carta depressiva, chorosa. Ela quer levar-me às lágrimas. Resisto!
Tentei inventar coisas para fazer, para tirar toda esta curiosidade de dentro de mim.
Tentei tocar piano e apercebi-me que nem duas notas saiam num compasso aproximado da pauta. Estava incapaz de tocar piano porque nem as partituras eu conseguia ler. Improvisei com notas agressivas e repetitivas, fortes e rápidas. Desconsegui descontrair-me. A carta ali estava a preencher-me ainda. Os meus olhos só viam a carta depositada dentro da caixa. Para sempre, acho eu. Mas mesmo assim eu vejo-a. Reflexo dela ficou encaixilhado dentro da minha massa cinzenta, branca e outra que eu possa ter.
Não posso continuar assim.
Sai. Passei pela casa dela sem me ter dado pelo caminho que escolhi. Toquei a campainha, bati directamente na porta. Quase calejei o nó dos dedos. Nenhuma resposta. Ao menos se podia instalar em nós uma amizade, mesmo que fosse falsa, não tão profunda como o amor. Quer-me parecer que estou a fraquejar. Mas ela não me atende à porta. Se calhar se escreve torto por linhas direitas. E a carta lá em casa encaixada na caixa dos papéis arquivados em montes. Uma caixa que não devia ter visto a luz hoje.
Voltei ao piano. Olhei-o. Escolhi teclas que iriam ser tocadas pelos medos. Toquei de olhar, por assim se dizer.
Voltei a sair sem ter conseguido soltar uma nota.
Tentei inventar coisas para fazer, para tirar toda esta curiosidade de dentro de mim.
Tentei tocar piano e apercebi-me que nem duas notas saiam num compasso aproximado da pauta. Estava incapaz de tocar piano porque nem as partituras eu conseguia ler. Improvisei com notas agressivas e repetitivas, fortes e rápidas. Desconsegui descontrair-me. A carta ali estava a preencher-me ainda. Os meus olhos só viam a carta depositada dentro da caixa. Para sempre, acho eu. Mas mesmo assim eu vejo-a. Reflexo dela ficou encaixilhado dentro da minha massa cinzenta, branca e outra que eu possa ter.
Não posso continuar assim.
Sai. Passei pela casa dela sem me ter dado pelo caminho que escolhi. Toquei a campainha, bati directamente na porta. Quase calejei o nó dos dedos. Nenhuma resposta. Ao menos se podia instalar em nós uma amizade, mesmo que fosse falsa, não tão profunda como o amor. Quer-me parecer que estou a fraquejar. Mas ela não me atende à porta. Se calhar se escreve torto por linhas direitas. E a carta lá em casa encaixada na caixa dos papéis arquivados em montes. Uma caixa que não devia ter visto a luz hoje.
Voltei ao piano. Olhei-o. Escolhi teclas que iriam ser tocadas pelos medos. Toquei de olhar, por assim se dizer.
Voltei a sair sem ter conseguido soltar uma nota.
Sanzalando
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