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6 de outubro de 2006

a4 - Estórias no Sofá - A Grande escolha

Me contram tal e qual vos conto. Não acrescento conto nem ponto

Lô crescia. Crescia e lavava roupa no rio. Dançava socopé no Fundão, lançava sonoras gargalhadas para toda a gente.
A mãe, a avó e o pai entristeciam-se. Lô já fez 18 anos, mas não aceitava ninguém. Fazia troça de todos os rapazes da vizinhança.
- Lô! Lô! Mé Nóvu trouxe peixe p'ra gente. É bom pescador.
- Pescador morre no mar. Não quero criar filho sem pai.
- Lô, olha que morres sem filho para te enterrar.
- Solteira é que eu não morro. Mamã não te preocupe por minha causa…
"Lô está a brincar
Lô está a folgar
O tempo vai passando…
Lô acorda
Que a gravana está chegando."
As moças de casa cantavam à porta de Lô, mas rindo agarrava no cesto e ia à feira vender limões.
"Compra freguesa
Lô quer dinheiro
Para fazer enxoval"
- Lô, nô te mace. Eu ajudo-te, dizia um rapaz da cidade, atirando um piropo.
Lô ria, arrumava o cesto e ia à venda mais próxima comprar o último lenço da moda.
Um dia, quando todos menos esperavam Lô casou-se. As moças do Luchan ficaram admiradas:
- Até que enfim!!!!
O marido de Lô nunca parava em casa. Ia à caça todos os dias.
- Simão, tu nunca pára em casa!...
Ia à caça todos os dias. A roupa da caça vinha sempre rasgada mas… Nem lagaia, nem morcego, nem rola, o Simão trazia.
Apenas roupa rasgada.
Um dia, os empregados resolveram ir espreitar o patrão. O que viram, nesse dia, deixou-os espantados.
Na larga varanda da casa, Lô deu um almoço para mostrar às amigas que afinal, não morreria solteira.
Os empregados arranjaram uma corda comprida, prenderam-na numa ponta da varanda e colocaram em fila muita banana madura, em grandes e apetitosos cachos.
Em cima da mesa havia calúlú, lôçô dóchi, izaquente, enfim muita coisa boa. Toda a gente comia satisfeita e ria.
Só Simão estava mal disposto nesse dia. Andava dum lado para o ouro, com as mãos atrás das costas, coçando a cabeça…
Os empregados escondidos atrás da varanda riam e aguardavam.
De repente, de um salto, rugindo, Simão pendurou-se no corrimão da varanda e começou a engolir sofregamente as bananas, e um comprido rabo de macaco saiu pelo fundilho das calças.
Toda a gente, pasmada, começar a cantar:
"Tanto escolheu que casou com um macaco…"

Sanzalando com MC

2 comentários:

  1. Viva Carlos:

    Que essa sirva de lição.
    Desta vez é para te dizer que no Estados Gerais também temos um "Mensalão".
    Aguardo a tua visita e comentário.
    Bom fim de semana
    Um abraço,

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  2. A velha estória europeia do lobisomem, é bem semelhante.
    SJB

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