Morto do autocarro tinha vida dupla. Era este o título. Tentei logo fazer um filme mas quanto mais lia, mais a minha estória se afastava da realidade. Parecia eu ter visto um filme passado num ia de chuva, homens de gabardine falando entre dentes.
Justino da Silva Justo, empregado há 45 anos numa firma de import-export, sem uma única falta e com muitos dias de férias por gozar, falecido há seis dias na viagem que diariamente fazia para se deslocar para o emprego, cujo resultado da autópsia dizia ter morrido de paragem cardíaca, deixa duas viúvas e três filhos.
Isto seria uma notícia banal, não fosse o caso da sua bigamia, nunca ter sido ocultada a nenhuma das suas esposas.
Ao que o Jornal soube, Justino desde os tempos de namoro, mantinha a situação dupla, não enganando nunca a namorada presente. Eu explico com as letras do jornal:
- se estava com Armandina, ele lhe dizia que às 7 horas ia à Espanhola, depois iria para a casa dos seus pais;
- se estava com Rossio, lhe dizia que só podia estar com ela das 19 às 22, pois tinha estava na Armandina até às 19 e os pais não admitiam que ele chegasse tarde a casa.
- os fins de semana eram repartidos entre Armandina e Rossio, sempre com as desculpas a caírem no trabalho.
Casou, de papel passado com Armandina, num fim de semana de folga da tropa. Manteve casa com Rossio sem nunca ter casado de papel assinado, porque os papeis dela nunca chegaram de Espanha. Ou terá alguém sorrateiramente os desviado? Uma incógnita que assim perpetuar-se-á dentro do caixão que foi a enterrar.
Os anos se passaram e lá ia ele ter com a Espanhola todas as tardes entre as 9 e as 22.
No dia do funeral ambas se conheceram. E se olharam olhos nos olhos num ar de espanto como que a perceber onde se tinham perdido durante tanto tempo na mesma estória. Ao que o Jornal conseguiu saber, não houve zangas, culpas ou desculpas, tendo o funeral decorrido na normalidade da existência de duas viúvas que até à data não se conheciam nem sabiam a existência uma da outra.
A repórter do Jornal ainda testemunhou um breve diálogo.
- Quando ele me dizia que ia à Espanhola eu pensava que era um bar. disse Armandina a Rossio.
- Quando me dizia que estava na Armandina, pensava eu que era o nome da Empresa onde trabalhava. falou Rossio a Armandina, na sua voz de cantar o português aprendido faz mais de meio século.
Justino da Silva Justo, empregado há 45 anos numa firma de import-export, sem uma única falta e com muitos dias de férias por gozar, falecido há seis dias na viagem que diariamente fazia para se deslocar para o emprego, cujo resultado da autópsia dizia ter morrido de paragem cardíaca, deixa duas viúvas e três filhos.
Isto seria uma notícia banal, não fosse o caso da sua bigamia, nunca ter sido ocultada a nenhuma das suas esposas.
Ao que o Jornal soube, Justino desde os tempos de namoro, mantinha a situação dupla, não enganando nunca a namorada presente. Eu explico com as letras do jornal:
- se estava com Armandina, ele lhe dizia que às 7 horas ia à Espanhola, depois iria para a casa dos seus pais;
- se estava com Rossio, lhe dizia que só podia estar com ela das 19 às 22, pois tinha estava na Armandina até às 19 e os pais não admitiam que ele chegasse tarde a casa.
- os fins de semana eram repartidos entre Armandina e Rossio, sempre com as desculpas a caírem no trabalho.
Casou, de papel passado com Armandina, num fim de semana de folga da tropa. Manteve casa com Rossio sem nunca ter casado de papel assinado, porque os papeis dela nunca chegaram de Espanha. Ou terá alguém sorrateiramente os desviado? Uma incógnita que assim perpetuar-se-á dentro do caixão que foi a enterrar.
Os anos se passaram e lá ia ele ter com a Espanhola todas as tardes entre as 9 e as 22.
No dia do funeral ambas se conheceram. E se olharam olhos nos olhos num ar de espanto como que a perceber onde se tinham perdido durante tanto tempo na mesma estória. Ao que o Jornal conseguiu saber, não houve zangas, culpas ou desculpas, tendo o funeral decorrido na normalidade da existência de duas viúvas que até à data não se conheciam nem sabiam a existência uma da outra.
A repórter do Jornal ainda testemunhou um breve diálogo.
- Quando ele me dizia que ia à Espanhola eu pensava que era um bar. disse Armandina a Rossio.
- Quando me dizia que estava na Armandina, pensava eu que era o nome da Empresa onde trabalhava. falou Rossio a Armandina, na sua voz de cantar o português aprendido faz mais de meio século.
Sanzalando
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