Quando era jovem tinha medo de morrer. Na verdade tinha medo de não ter nada para fazer depois de morto. Todos acreditam em céu, inferno, ou qualquer coisa que haja depois da morte. Ele tinha medo de não ter nada. De morrer e não ter o que fazer. Ter de ficar a olhar a terra de cima dos seus olhos para sempre, ou nem isso, só dormir. Daí que não morria.
Queria viver para sempre, achava que tinha muita coisa para fazer na Terra, aventuras, descobertas, quotidianos, amigos, História, aprender tudo até o fim dos tempos. Queria participar de tudo.Agora cansou-se. A História, de um jeito ou de outro, era a mesma. As mulheres, mais baixas ou não, eram as mesmas. Os amigos, mais calmos ou não, eram do mesmo jeito. O futebol também era o mesmo. As aventuras, as descobertas eram quotidianas. Morou em todos os países do mundo, nuns mais pobres que outros, eram todos do mesmo jeito. Queria morrer.
Queria morrer, mesmo que fosse para não fazer nada. Aliás, queria morrer para não ter que fazer nada. Nesta altura já não pensava em céu, deus, diabo ou quaisquer coisa que valha. Queria era dormir para sempre e nem precisar ver as estrelas, já sabia reconhecê-las, com as constelações e todas as mitologias.
Um dia, assim num repentinamente, morreu de tédio.
Sanzalando
Interessante. Com efeito o que é a morte se não «não ter nada para fazer» ou não poder fazer nada ? Mas acho dificil querer morrer por não ter que fazer nada, morrer de tédio.
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