Respondi-lhe que descansava de um dia de trabalho demasiado cansativo e que me sentia angustiado e nostálgico, enquanto o fazia com a voz carregada de emoção, da mentira e do prazer, manobrava os dedos de forma a desenvencilhar-me da aliança que teimava em não me sair do anelar. Atabalhoadamente tricotava os dedos de forma nervosa e complicada, gestos vãos.
Num gesto rápido e inesperado, pela primeira vez, virou a cabeça na minha direcção, mostrando uns lindos olhos de azul inocente, para dizer que ia ali todos os dias àquela hora, num ritual que se habituara a cumprir fazia anos.
Eu sabia que ela me tinha visto na tentativa velhaca e infrutífera de tirar a aliança, e ao ser apanhado, tinha ficado envergonhado enrubescendo desmesuradamente, como sempre me acontecia quando era apanhado em falta. Ela não desviava a cara, e eu não era capaz de a encarar, refugiando o olhar na linha agora negra do horizonte, esperando que o ar de fim-de-tarde num sopro arrefecido me devolvesse a cor original e entregando-me à simples matemática da contagem das ondas, tentando não me culpar em demasia. Eu era homem e ela uma mulher belíssima, a tentação tinha prevalecido, objectiva e subjectiva como todas as máscaras da alma humana.
O silêncio pesado durava há muito quando ela me perguntou.
- É casado?
Num gesto rápido e inesperado, pela primeira vez, virou a cabeça na minha direcção, mostrando uns lindos olhos de azul inocente, para dizer que ia ali todos os dias àquela hora, num ritual que se habituara a cumprir fazia anos.
Eu sabia que ela me tinha visto na tentativa velhaca e infrutífera de tirar a aliança, e ao ser apanhado, tinha ficado envergonhado enrubescendo desmesuradamente, como sempre me acontecia quando era apanhado em falta. Ela não desviava a cara, e eu não era capaz de a encarar, refugiando o olhar na linha agora negra do horizonte, esperando que o ar de fim-de-tarde num sopro arrefecido me devolvesse a cor original e entregando-me à simples matemática da contagem das ondas, tentando não me culpar em demasia. Eu era homem e ela uma mulher belíssima, a tentação tinha prevalecido, objectiva e subjectiva como todas as máscaras da alma humana.
O silêncio pesado durava há muito quando ela me perguntou.
- É casado?
O rubor voltou ainda mais desconfortável, punindo-me de forma drástica, enrubescendo-me até a voz que já não era melodiosa nem limpida.
- Sou e tenho dois filhos, acrescentei eu numa rapidez como que a penitenciar-me, já que o propósito que me havia passado pela cabeça estava frustrado.
- Ama a sua mulher? voltou a perguntar-me na sua cândida voz.
Após um instante respondi-lhe que sim, não valia a pena mentir-lhe, só faria papel de estúpido se negligenciasse a sua inteligência.Estendeu a mão para me cumprimentar disse:- Chamo-me Eduarda, e sou cega de nascença.
- Sou e tenho dois filhos, acrescentei eu numa rapidez como que a penitenciar-me, já que o propósito que me havia passado pela cabeça estava frustrado.
- Ama a sua mulher? voltou a perguntar-me na sua cândida voz.
Após um instante respondi-lhe que sim, não valia a pena mentir-lhe, só faria papel de estúpido se negligenciasse a sua inteligência.Estendeu a mão para me cumprimentar disse:- Chamo-me Eduarda, e sou cega de nascença.
Sanzalando
A mentira e o destino traçam cada destino...
ResponderEliminarI.
Quie grande "galo"...
ResponderEliminarWalter
Não uso aliança,
ResponderEliminarNão tento passar por solteiro,
E não risco o fósforo fora caixa!...
Nelsinho:)
Vim, curiosa do fim.
ResponderEliminarFoste mesmo bem! (na escrita, claro!)
Desculpa-me a franqueza, mas... decididamente as "estórias no sofá" em vez do "zulmarinhando" (LOL)
Fico à espera da próxima. Tens leitora.