Talqualmente me contam eu assim te conto, nem virgula nem tom eu acrescentei.
Lá para os lados da montanha, conta-se que onde se vê a água da lagoa existia em tempos um grande luchan.
Certo dia, aconteceu passar pelo luchan uma avó de aspecto desagradável ou talvez doente, de nome San'ana, que oferecia uns peixes de mau estado a troco de farinha de mandioca ou milho. Tinha sede, segundo outros, e pedia água, comida e lenha para se aquecer.
Não lhe aceitaram o negócio, não lhe deram água, não a atenderam, trataram-na com desdém, até a xingaram, pelo que a avó se retirou resmungando ameaças e deixando o luchan entregue à euforia duma grande festa em que a encontrara.
À saída da povoação, deparou-se-lhe uma piquena por quem foi bem acolhida, a qual chamou a mãe que trouxe farinha e água trocando pelos peixes.
Diz-se ainda que tendo San'ana o braço cheio de feridas foi a seu pedido tratado pela piquena. Logo a avó lhe disse:
- Visto que és simples e me trataste bem, escuta: esta noite, quando cantar o primeiro galo, hás-de ouvir três vezes um grito.
Então, chama teu pai e tua mãe e fujam, porque aqui tudo se arrasará com água.
A avó seguiu, apoiada ao seu bordão, embrenhando-se no mato.
A piquena, inquieta, aguardou sem dormir; até que, após o canto do primeiro galo, ouviu o anunciado grito, provindo, forte e rouco, do lado onde o sol nasce. Então, correu, chamou o pai e a mãe e embrenharam-se no mato, ao mesmo tempo que uma enormíssima vaga de água assaltava o luchan submergindo-o, com todos os seus habitantes, tomados dum misterioso sono, enquanto se ouviam rufos subterrâneos de tambores antecedendo o desabar da vaga.
O soba do luchan estava ausente. Fora caçar para os lados de Bombain. Quando regressou, deparou-se-lhe o lago no terreno em que deixara o luchan. Meditou por momentos naquela infelicidade. Depois, resoluto, resolveu entrar nas águas, até desaparecer. Ao mesmo tempo, ressoou um estrepitoso rufo de tambores, eram os submersos que saudavam o seu soba fiel, que marchava a juntar-se-lhes, nos fundões do grande lago.
Dizem que o soba do luchan, enquanto andava no mato a caçar, havia encontrado a avó, dando-lhe água da sua cabaça; e que teria sido ela que o avisou, depois de contar o sucedido, que ao cair da noite o luchan daquela gente má teria tanta água que a todos fartaria. É vulgar dizer aos naturais que "a lagoa está boa". Porém, em outros tempos, ninguém podia aproximar-se, principalmente se vestisse panos de cores vistosas ou berrantes.
Dizem que, quando as águas baixam, se podem ver katanas e peças diversas como panelas e que por vezes se vêem flutuar tectos das casas submergidas.
Dizem que, em tempos, se ouviam rufos de tambor, nos compassos do batuque, vindos lá do fundo e que era perigoso tocar tambores junto ao lago, pelo risco de sobressaltar os que dormem no fundo do lago.
Dizem que, em tempos passados, também se ouviam cantos de galos ao nascer das alvoradas, no meio do lago, no ponto onde existiu o grande luchan, e que no mesmo local gira um forte redemoinho, que engolirá a canoa que dali se aproximar.
Disse um pescador da lagoa Amélia, "não entro na lagoa quando San'ana está zangada" e realmente nesses dias havia um forte vento até parece que a lagoa está embravecida, agitada por vagas, uma verdadeira calema onde as canoas dificilmente se aguentariam.
Lá para os lados da montanha, conta-se que onde se vê a água da lagoa existia em tempos um grande luchan.
Certo dia, aconteceu passar pelo luchan uma avó de aspecto desagradável ou talvez doente, de nome San'ana, que oferecia uns peixes de mau estado a troco de farinha de mandioca ou milho. Tinha sede, segundo outros, e pedia água, comida e lenha para se aquecer.
Não lhe aceitaram o negócio, não lhe deram água, não a atenderam, trataram-na com desdém, até a xingaram, pelo que a avó se retirou resmungando ameaças e deixando o luchan entregue à euforia duma grande festa em que a encontrara.
À saída da povoação, deparou-se-lhe uma piquena por quem foi bem acolhida, a qual chamou a mãe que trouxe farinha e água trocando pelos peixes.
Diz-se ainda que tendo San'ana o braço cheio de feridas foi a seu pedido tratado pela piquena. Logo a avó lhe disse:
- Visto que és simples e me trataste bem, escuta: esta noite, quando cantar o primeiro galo, hás-de ouvir três vezes um grito.
Então, chama teu pai e tua mãe e fujam, porque aqui tudo se arrasará com água.
A avó seguiu, apoiada ao seu bordão, embrenhando-se no mato.
A piquena, inquieta, aguardou sem dormir; até que, após o canto do primeiro galo, ouviu o anunciado grito, provindo, forte e rouco, do lado onde o sol nasce. Então, correu, chamou o pai e a mãe e embrenharam-se no mato, ao mesmo tempo que uma enormíssima vaga de água assaltava o luchan submergindo-o, com todos os seus habitantes, tomados dum misterioso sono, enquanto se ouviam rufos subterrâneos de tambores antecedendo o desabar da vaga.
O soba do luchan estava ausente. Fora caçar para os lados de Bombain. Quando regressou, deparou-se-lhe o lago no terreno em que deixara o luchan. Meditou por momentos naquela infelicidade. Depois, resoluto, resolveu entrar nas águas, até desaparecer. Ao mesmo tempo, ressoou um estrepitoso rufo de tambores, eram os submersos que saudavam o seu soba fiel, que marchava a juntar-se-lhes, nos fundões do grande lago.
Dizem que o soba do luchan, enquanto andava no mato a caçar, havia encontrado a avó, dando-lhe água da sua cabaça; e que teria sido ela que o avisou, depois de contar o sucedido, que ao cair da noite o luchan daquela gente má teria tanta água que a todos fartaria. É vulgar dizer aos naturais que "a lagoa está boa". Porém, em outros tempos, ninguém podia aproximar-se, principalmente se vestisse panos de cores vistosas ou berrantes.
Dizem que, quando as águas baixam, se podem ver katanas e peças diversas como panelas e que por vezes se vêem flutuar tectos das casas submergidas.
Dizem que, em tempos, se ouviam rufos de tambor, nos compassos do batuque, vindos lá do fundo e que era perigoso tocar tambores junto ao lago, pelo risco de sobressaltar os que dormem no fundo do lago.
Dizem que, em tempos passados, também se ouviam cantos de galos ao nascer das alvoradas, no meio do lago, no ponto onde existiu o grande luchan, e que no mesmo local gira um forte redemoinho, que engolirá a canoa que dali se aproximar.
Disse um pescador da lagoa Amélia, "não entro na lagoa quando San'ana está zangada" e realmente nesses dias havia um forte vento até parece que a lagoa está embravecida, agitada por vagas, uma verdadeira calema onde as canoas dificilmente se aguentariam.
Sem comentários:
Enviar um comentário