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As minhas forças contrárias se resolvem enfrentar debaixo dum chuveiro. Canto e ponto final. Me olham os três pontos mais conhecidos por reticências. Na verdade o ponto final nunca deu assim muita bola nas reticências. Sempre lhes tratou como pontinhos indecisos, terminais mas não querendo interferir.
Por sua vez, as reticências seguem a sua vidinha tranquila sempre tocando em novos portos e novos caminhos.
Mas hoje parece há um stop nessa tranquilidade com pontos argumentativos. O assunto merecia sair da marginalidade. Falar de amor não sei mesmo se tem ponto final ou reticências.
Gritava em altos berros o ponto final, tentando sobressair do barulho do chuveiro:
- O amor não é ressuscitável, por isso é definitivo e ponto final!
As reticências, num tom mais suave se fizeram ouvir:
- Isso não se aplica ao que não morreu. Tu sempre ignoras a existência da minha linha argumentativa e arbitrariamente encerras o assunto. Mas sabes tão bem como eu que ele está sempre de volta. Não morre. Hiberna e pode voltar transbordando as margens do racional
- Deixa de retóricas e metáforas. A porta nunca fica entreaberta. disse o ponto final no seu ar arrogantemente definitivo
- Então explica lá aquela vontade que fica de transpor a linha da amizade, o entrar nas linhas e perder-se nas entrelinhas? Ostensivamente ignoras esta indefinição?
- Ouve lá, toda a amizade entre homem e mulher remexe com a libido. Isto está na Bíblia e vem desde os tempos de Adão e Eva. Quando acaba acaba e ponto final.
- Não uses argumentos tangenciais. Há muito que venho a acumular palavras não ditas, sentidos que não se expressam, sentimentos que se escondem. E de tanto guardá-los, um dia implodirão. Melhor é então criar um espaço antes de ti e tratá-los com a atenção que merecem.
- Aí é que está o problema. A tua existência é que faz tudo ficar complicado. Tu vais dando azo à imaginação e esperanças ao coração e depois lá vêm as lágrimas e desilusões. Fica sabendo que quando eu apareço nalgum assunto é tua obrigação respeitar-me ad infinitum. Calares-te, engolires em seco e morrer se preciso for. Mas que não fiques aí atormentando como se eu fosse um irresponsável. Mais, não estou com paciência de comer mais letras não ditas, sentimentos vagamente deixados ao acaso. Não quero outra indigestão!
- Pois então, encerremos por aqui assunto. Não aceito ordens de um ponto tão prepotente. Continuo na marginalidade, mas fica sabendo que recuso a aceitar que tu tens sempre razão. E por não aceitar, vou já avisando que neste assunto estou pronto a interferir. Não vou abrir mão do amor. Não pelo objecto dele, mas por ele e pela magia que ele coloca na vida. E em amor não se aceita ponto final.
Batendo com a porta as reticências deixaram de boca aberta o ponto final.
Por sua vez, as reticências seguem a sua vidinha tranquila sempre tocando em novos portos e novos caminhos.
Mas hoje parece há um stop nessa tranquilidade com pontos argumentativos. O assunto merecia sair da marginalidade. Falar de amor não sei mesmo se tem ponto final ou reticências.
Gritava em altos berros o ponto final, tentando sobressair do barulho do chuveiro:
- O amor não é ressuscitável, por isso é definitivo e ponto final!
As reticências, num tom mais suave se fizeram ouvir:
- Isso não se aplica ao que não morreu. Tu sempre ignoras a existência da minha linha argumentativa e arbitrariamente encerras o assunto. Mas sabes tão bem como eu que ele está sempre de volta. Não morre. Hiberna e pode voltar transbordando as margens do racional
- Deixa de retóricas e metáforas. A porta nunca fica entreaberta. disse o ponto final no seu ar arrogantemente definitivo
- Então explica lá aquela vontade que fica de transpor a linha da amizade, o entrar nas linhas e perder-se nas entrelinhas? Ostensivamente ignoras esta indefinição?
- Ouve lá, toda a amizade entre homem e mulher remexe com a libido. Isto está na Bíblia e vem desde os tempos de Adão e Eva. Quando acaba acaba e ponto final.
- Não uses argumentos tangenciais. Há muito que venho a acumular palavras não ditas, sentidos que não se expressam, sentimentos que se escondem. E de tanto guardá-los, um dia implodirão. Melhor é então criar um espaço antes de ti e tratá-los com a atenção que merecem.
- Aí é que está o problema. A tua existência é que faz tudo ficar complicado. Tu vais dando azo à imaginação e esperanças ao coração e depois lá vêm as lágrimas e desilusões. Fica sabendo que quando eu apareço nalgum assunto é tua obrigação respeitar-me ad infinitum. Calares-te, engolires em seco e morrer se preciso for. Mas que não fiques aí atormentando como se eu fosse um irresponsável. Mais, não estou com paciência de comer mais letras não ditas, sentimentos vagamente deixados ao acaso. Não quero outra indigestão!
- Pois então, encerremos por aqui assunto. Não aceito ordens de um ponto tão prepotente. Continuo na marginalidade, mas fica sabendo que recuso a aceitar que tu tens sempre razão. E por não aceitar, vou já avisando que neste assunto estou pronto a interferir. Não vou abrir mão do amor. Não pelo objecto dele, mas por ele e pela magia que ele coloca na vida. E em amor não se aceita ponto final.
Batendo com a porta as reticências deixaram de boca aberta o ponto final.
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Sanzalando
Nem o pormenor falhou! começa em ponto azul e termina nas reticências da mesma cor.
ResponderEliminarSJB
Obrigada pela recepção a este espaço!
ResponderEliminarPara mim o AMOR será sempre um enigmático ponto de interrogação!! Pelas razões que a própria desconhece!
claro que isto é uma afirmação selada com um ponto de exclamação!
EXCELENTE texto, para variar!
Beijinho
NC