Jacinto sente uma perigosa atracção pelas situações extremas. Assim como se a vida se convertesse num jogo em que a vitória consiste em atingir os limites de ter tudo sobre o controlo. Imagina que a vida é como derrapar um carro numa curva com a estrada molhada. Busca em todos os seus actos o limite da vida, própria ou alheia, recebendo como recompensa a satisfação de ter controlado a situação.
Tem dias em que os limites são a própria moral.
Estava um dia na casa de um amigo. Amigo de muitos anos. Não se lembra o que nesse dia fazia. Estava lá, isso é que é relevante e estava sentado num banco alto com um martelo na mão. Conversavam sobre algo que pelos vistos não era importante. Conversa de amigos são como as cerejas. Assuntos uns atrás dos outros. O amigo de Jacinto saltou do banco e foi apanhar algo que estava no chão. A sua cabeça ficou à mão de semear de Jacinto. Por uns instantes, breves, Jacinto se deu conta do que estava a vida à beira da morte. Pensou que naquele instante tinha o controlo da vida do amigo nas suas mãos. Ele podia decidir se ele vivia ou não. Um único golpe e era ponto final na vida do amigo. E não era difícil. Estava ali a cabeça mesmo a jeito e Jacinto tinha na mão um martelo. Faria? Era capaz? Porém não o fez. Pensou que tinha que comprovar algo ainda antes do golpe final.
Jacinto, levanta o martelo no mais que pode e num gesto rápido acerta no meio das costas de um amigo de tantos anos. Ele respondeu com um grito, gemido de dor, estendendo-se ao comprido no chão.
Acho mesmo que não teve tempo para saber o que é que estava a acontecer. Atordoado, volta-se para Jacinto como a perguntar o que é que se tinha passado. Ele jamais desconfiaria que Jacinto, amigo de tantos anos, lhe tivesse feito algum mal.
Olhos nos olhos e estava Jacinto de braço levantado pronto para o golpe final. Jacinto viu uma cara de terror. Martelo erguido, pronto para numa fracção ínfima de tempo descer até à calote craniana que lhe espera ali, imóvel no chão. Num ápice viajou até ao bordo do abismo, teatro da vida.
Jacinto tudo isto imaginou enquanto o amigo apanhava alguma coisa que deixara cair no chão. A rapidez do pensamento mostrava-lhe o quão perto estava a vida da morte. Seria ele capaz de o fazer? Se ele o pensou é porque era capaz. Ele sentia que se fosse necessário ele o teria feito. Seria atingir o limite. Pensava-o e sentia-o. Recordou-se dos tempos em que a honra era discutida em duelo, em que morriam homens todos os dias.
Estamos habituados a ver a morte de longe e não como uma parte integrante do quotidiano. A verdade é que ela está sempre próxima. Jacinto sabe-a. Teve a vida do amigo na ponta do seu braço.
Tem dias em que os limites são a própria moral.
Estava um dia na casa de um amigo. Amigo de muitos anos. Não se lembra o que nesse dia fazia. Estava lá, isso é que é relevante e estava sentado num banco alto com um martelo na mão. Conversavam sobre algo que pelos vistos não era importante. Conversa de amigos são como as cerejas. Assuntos uns atrás dos outros. O amigo de Jacinto saltou do banco e foi apanhar algo que estava no chão. A sua cabeça ficou à mão de semear de Jacinto. Por uns instantes, breves, Jacinto se deu conta do que estava a vida à beira da morte. Pensou que naquele instante tinha o controlo da vida do amigo nas suas mãos. Ele podia decidir se ele vivia ou não. Um único golpe e era ponto final na vida do amigo. E não era difícil. Estava ali a cabeça mesmo a jeito e Jacinto tinha na mão um martelo. Faria? Era capaz? Porém não o fez. Pensou que tinha que comprovar algo ainda antes do golpe final.
Jacinto, levanta o martelo no mais que pode e num gesto rápido acerta no meio das costas de um amigo de tantos anos. Ele respondeu com um grito, gemido de dor, estendendo-se ao comprido no chão.
Acho mesmo que não teve tempo para saber o que é que estava a acontecer. Atordoado, volta-se para Jacinto como a perguntar o que é que se tinha passado. Ele jamais desconfiaria que Jacinto, amigo de tantos anos, lhe tivesse feito algum mal.
Olhos nos olhos e estava Jacinto de braço levantado pronto para o golpe final. Jacinto viu uma cara de terror. Martelo erguido, pronto para numa fracção ínfima de tempo descer até à calote craniana que lhe espera ali, imóvel no chão. Num ápice viajou até ao bordo do abismo, teatro da vida.
Jacinto tudo isto imaginou enquanto o amigo apanhava alguma coisa que deixara cair no chão. A rapidez do pensamento mostrava-lhe o quão perto estava a vida da morte. Seria ele capaz de o fazer? Se ele o pensou é porque era capaz. Ele sentia que se fosse necessário ele o teria feito. Seria atingir o limite. Pensava-o e sentia-o. Recordou-se dos tempos em que a honra era discutida em duelo, em que morriam homens todos os dias.
Estamos habituados a ver a morte de longe e não como uma parte integrante do quotidiano. A verdade é que ela está sempre próxima. Jacinto sabe-a. Teve a vida do amigo na ponta do seu braço.
Sanzalando
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