Te conto com a voz original, nem vírgula, nem ponto mais ou menos lhe coloquei.
Aqui ninguém diz a ninguém:
"Vê lá se cresces, se és ajustado, compensado."
Nesta terra tendo em conta a sua longa idade, transmuta toda a gente, salvo demolidores de sonhos, ganha-se anos de idade e muitos anos de conhecimento, é como ter sempre coração de criança e não há manhã nenhuma que se acorde mal disposta.
Criança tem a capacidade rara de encantar-se consigo própria e com os outros, com a natureza que a envolve, sem o saber. E, assim, começamos a entender a importância milenar das histórias, a "história" das histórias.
Lá para os lados da praia das conchas, houve uma grande seca. Nos campos não havia nem um cacho de bananas. San lagaia andava muito magra, suas costelas pareciam que iam saltar, e sem gosto nenhum na vida. Girava de roça em roça, à procura de qualquer coisa para comer, mas nada havia.
Certo dia, já farta de andar, foi parar a um riacho, a ver se por acaso encontraria por lá algum caranguejo distraído. Deu logo de focinho com sun macaco, que estava muito leve-leve a gozar a sombra de coqueiro.
A lagaia arregalou os olhos. É que amigo macaco estava gordo, bonito, tinha mesmo ar de quem tinha comida para encher a pança. E san lagaia disse:
- Tardê sun Simão! Tu tá gordo, bonito!
- Leve-leve, san lagaia: o suficiente para livrar este tempo de carência…
- Não amigo Simão: você está bem alimentado. Veja como estou. As minhas costelas parecem cordas de violão, inté dá pra tocar puita.
Simão era muito esperto e sabia que a lagaia queria conversa e saber onde é que ele comia. Fingiu não entender e tentou desviar a conversa.
- San lagaia, há muito tempo que eu não a via…Lembraste da última festa que fomos lá prós lados da montanha? Havia fartura de tudo, ai que saudade!!!!
Mas san lagaia não desgrudava os olhos de Simão, aquele olho tristinho, cheia de fome.
Simão ficou com dor dela
- Eu digo onde é que ando a comer, mas tu tens que me jurar que hás-de fazer o que faço quando contentar o estômago.
A lagaia jurou tudo quanto o Simão quis. E Simão disse que costumava comer numa mangueira que ficava lá na roça de água grande.
Mas recomendou:
- Quando tu tiveres agarrada no tronco da mangueira, diz: "mangueirinha, tique, tique" – e a mangueira sobe; quando tu estiveres farta e quiseres descer, tu dizes: - "mangueirinha, toque, toque" – e ela desce.
A mangueira subiu muito alto e a lagaia comeu, comeu, até ficar farta.
Lembrou-se de que já podia descer, mas pensou na sua cabeça:
"-Ainda não comi para mim, quanto mais para o meu pai, para a minha mãe…"
Continuou a comer, até novamente reparou que era tempo de descer.
Mas disse:
"-Ainda não comi para os meus avós…"
E continuou a comer. Quando já não tinha mais parentes, resolveu descer.
Mas, com a overdose de mangas, esqueceu-se do que é que devia dizer para a mangueira descer: se"tique, tique, se "toque, toque" e disse à toa:
- Mangueirinha, tique-tique!
E a mangueira toca de subir.
Mas a lagaia era muito teimosa e continuou com a mesma lenga-lenga.
Quando deu conta, estava no céu.
Quando S. Pedro viu a lagaia, disse:
- Que cá vens fazer, lagaia?
Logo a lagaia inventou uma grande mentira, contando os dramas da escassez e dizendo que estava em jejum porque tinha visto uma pele de borrego a ficar ao sol.
Arreganhou a dentatura e S. Pedro reparou que os seus dentes estavam todos sujos de restos de manga.
Tu és uma mentirosa, lagaia!
Mas S. Pedro, na sua bondade, teve pena da lagia e disse-lhe:
- Vou-te mandar novamente para baixo. Mas antes tens que ir lavar esta pele, para eu te mandar fazer um tambor. Quando voltares podes ganhar a vida tocando.
Lá foi a lagaia lavar a pele, mas esfomeada como era, acabou por comer a pele dizendo que a ribeira muito brava, e ela muito fraquinha, a correnteza levou.
Bem, S. Pedro com a sua infinita paciência lá lhe arranjou outra pele e deu-lhe a mesma ordem.
Lá se fez o tamborzinho, S. Pedro amarrou uma corda no tambor e lá foi descendo san lagaia. No entanto, S. Pedro combinou com a lagaia que só tocasse o tamborzinho quando chegasse para ele largar a corda.
Quando a lagia chegou a meio encontrou uma quitandeira que lhe pediu para tocar.
- Se tocares o teu tamborzinho dou-te todas estas sucarinhas.
A lagaia que era muito gulosa, pensou se eu tocar muito baixinho o S. Pedro não vai ouvir e essas sucarinhas estão a rir para mim!!!
Combinado amiga, passa para cá as sucarinhas que eu vou tocar um pouco para ti, mas muito baixinho para sair um som bem docinho como tu!!!!
Quando S. Pedro ouve o tambor larga a corda que a lagaia estatela-se no chão, mas pouco antes disso viu o seu amigo Simão, e gritou-lhe:
- Chê, amigo Simão! Tu não disse que eu sou um grande artista?
eheheheheheheheheh
"Vê lá se cresces, se és ajustado, compensado."
Nesta terra tendo em conta a sua longa idade, transmuta toda a gente, salvo demolidores de sonhos, ganha-se anos de idade e muitos anos de conhecimento, é como ter sempre coração de criança e não há manhã nenhuma que se acorde mal disposta.
Criança tem a capacidade rara de encantar-se consigo própria e com os outros, com a natureza que a envolve, sem o saber. E, assim, começamos a entender a importância milenar das histórias, a "história" das histórias.
Lá para os lados da praia das conchas, houve uma grande seca. Nos campos não havia nem um cacho de bananas. San lagaia andava muito magra, suas costelas pareciam que iam saltar, e sem gosto nenhum na vida. Girava de roça em roça, à procura de qualquer coisa para comer, mas nada havia.
Certo dia, já farta de andar, foi parar a um riacho, a ver se por acaso encontraria por lá algum caranguejo distraído. Deu logo de focinho com sun macaco, que estava muito leve-leve a gozar a sombra de coqueiro.
A lagaia arregalou os olhos. É que amigo macaco estava gordo, bonito, tinha mesmo ar de quem tinha comida para encher a pança. E san lagaia disse:
- Tardê sun Simão! Tu tá gordo, bonito!
- Leve-leve, san lagaia: o suficiente para livrar este tempo de carência…
- Não amigo Simão: você está bem alimentado. Veja como estou. As minhas costelas parecem cordas de violão, inté dá pra tocar puita.
Simão era muito esperto e sabia que a lagaia queria conversa e saber onde é que ele comia. Fingiu não entender e tentou desviar a conversa.
- San lagaia, há muito tempo que eu não a via…Lembraste da última festa que fomos lá prós lados da montanha? Havia fartura de tudo, ai que saudade!!!!
Mas san lagaia não desgrudava os olhos de Simão, aquele olho tristinho, cheia de fome.
Simão ficou com dor dela
- Eu digo onde é que ando a comer, mas tu tens que me jurar que hás-de fazer o que faço quando contentar o estômago.
A lagaia jurou tudo quanto o Simão quis. E Simão disse que costumava comer numa mangueira que ficava lá na roça de água grande.
Mas recomendou:
- Quando tu tiveres agarrada no tronco da mangueira, diz: "mangueirinha, tique, tique" – e a mangueira sobe; quando tu estiveres farta e quiseres descer, tu dizes: - "mangueirinha, toque, toque" – e ela desce.
A mangueira subiu muito alto e a lagaia comeu, comeu, até ficar farta.
Lembrou-se de que já podia descer, mas pensou na sua cabeça:
"-Ainda não comi para mim, quanto mais para o meu pai, para a minha mãe…"
Continuou a comer, até novamente reparou que era tempo de descer.
Mas disse:
"-Ainda não comi para os meus avós…"
E continuou a comer. Quando já não tinha mais parentes, resolveu descer.
Mas, com a overdose de mangas, esqueceu-se do que é que devia dizer para a mangueira descer: se"tique, tique, se "toque, toque" e disse à toa:
- Mangueirinha, tique-tique!
E a mangueira toca de subir.
Mas a lagaia era muito teimosa e continuou com a mesma lenga-lenga.
Quando deu conta, estava no céu.
Quando S. Pedro viu a lagaia, disse:
- Que cá vens fazer, lagaia?
Logo a lagaia inventou uma grande mentira, contando os dramas da escassez e dizendo que estava em jejum porque tinha visto uma pele de borrego a ficar ao sol.
Arreganhou a dentatura e S. Pedro reparou que os seus dentes estavam todos sujos de restos de manga.
Tu és uma mentirosa, lagaia!
Mas S. Pedro, na sua bondade, teve pena da lagia e disse-lhe:
- Vou-te mandar novamente para baixo. Mas antes tens que ir lavar esta pele, para eu te mandar fazer um tambor. Quando voltares podes ganhar a vida tocando.
Lá foi a lagaia lavar a pele, mas esfomeada como era, acabou por comer a pele dizendo que a ribeira muito brava, e ela muito fraquinha, a correnteza levou.
Bem, S. Pedro com a sua infinita paciência lá lhe arranjou outra pele e deu-lhe a mesma ordem.
Lá se fez o tamborzinho, S. Pedro amarrou uma corda no tambor e lá foi descendo san lagaia. No entanto, S. Pedro combinou com a lagaia que só tocasse o tamborzinho quando chegasse para ele largar a corda.
Quando a lagia chegou a meio encontrou uma quitandeira que lhe pediu para tocar.
- Se tocares o teu tamborzinho dou-te todas estas sucarinhas.
A lagaia que era muito gulosa, pensou se eu tocar muito baixinho o S. Pedro não vai ouvir e essas sucarinhas estão a rir para mim!!!
Combinado amiga, passa para cá as sucarinhas que eu vou tocar um pouco para ti, mas muito baixinho para sair um som bem docinho como tu!!!!
Quando S. Pedro ouve o tambor larga a corda que a lagaia estatela-se no chão, mas pouco antes disso viu o seu amigo Simão, e gritou-lhe:
- Chê, amigo Simão! Tu não disse que eu sou um grande artista?
eheheheheheheheheh
Sanzalando com MC
-----\\\\|//-------
ResponderEliminar------( @@)-------
---ooO--(_)--Ooo—
Bom Domingo!