Junto ao zulmarinho, onde descomplico as ideias, descodifico os sonhos e busco as memórias, recebendo em troca um ar que vem dum sul que nada tem de imaginário mas muito de saudade, tento escrever para mim, num papel onde possa guardar tudo aquilo que sinto, nem que seja só para mais tarde recordar. Mas escrever não é atirar palavras pelas linhas e conseguir uma coerência, não é branquear lágrimas sofridas ou gargalhadas bem dadas, não é juntar letras sem cor com outras garridas. Eu podia começar a escrever o quanto tá difícil passar cada dia, apagar a rotina ou rascunhar conversas de trabalho, se tu não me sais da cabeça, se a tua chuva são as minhas lágrimas e os teus trovões são os meus palavrões.
Eu não escolhi ser assim, eu não me imaginei ser assim.
Eu podia escrever palavras de paixão, podia declamar um poema com letra em chamas e emoção em cada letra. Mas na verdade as palavras mesmo assim atiradas não são perceptíveis na minha imaginação.
Eu escrevo nas linhas do papel branco como se as minhas palavras fossem os meus sentimentos ou que estes estivessem fotografados em cada frase, acento, vírgula ou ponto final.
Mas afinal as palavras gastas quase rasgam a folha de papel para onde atiro as palavras sem nexo.
Sanzalando
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